CARTA DO LEITOR
Investimento chinês
Muito já se disse e se escreveu sobre os investimentos chineses em África e é sobre essa nova realidade económica, comercial e financeira no continente que escrevo. Particularmente, sou muito céptico relativamente às bases em que assenta a actual cooperação que, como sucede, começa a alarmar a muitos dentro e fora do continente. Diz-se que a classe política africana, sobretudo aquelas que se encontram nos lugares de decisão, aceitam com os braços abertos os laços que se estabelecem e se fortificam, mesmo sabendo das suas nuances. As práticas que os chineses implementam há anos no seu país, desrespeito pelo meio, remuneram mal os trabalhadores, além da ausência de transferência de tecnologia. Os líderes dos países africanos parecem mais preocupados em receber financiamento chinês e, não raras vezes, sem olhar ou reflectir sobre as consequências. Países que outrora tinham os seus mares “repletos” de peixe, hoje lidam com problemas de falta de peixe porque abriram as portas aos navios chineses, cuja pesca de arrasto carrega inclusive a bio-massa. Há países que tinham um invejável perímetro florestal que, com exploração desenfreada das empresas chinesas, encontram-se numa situação preocupante. As obras que os chineses alegadamente realizam em nome dessa cooperação, como a construção de estradas, aeroportos, edifícios, etc, estão ainda por se provar em termos de qualidade e tempo útil de vida. Enfim mas é essa a cooperação que pretendemos em África. ALEXANDRE DE CARVALHO Sambizanga