ACNUR pede apoio para venezuelanos
O Alto-Comissário da ONU para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, afirmou na sexta-feira, que a América Latina não deve lidar sozinha com a crise venezuelana, apelando ao apoio da Europa e da América do Norte.
“Aprecio muito que o Governo brasileiro tenha dispensado milhões de reais para responder à crise venezuelana, assim como outros Governos da região, mas precisamos do apoio de outros países, como europeus e da América do Norte.
Os países da América Latina não devem ser deixados sozinhos a lidar com as consequências da crise venezuelana. “Estou comprometido em tentar angariar apoio internacional para lidar com esta crise”, declarou Grandi à imprensa, no Estado brasileiro de Roraima.
O Alto-Comissário da ONU chegou à Boa Vista, capital do Estado de Roraima, na tarde de sexta-feira para inteirar-se da situação dos migrantes e refugiados venezuelanos naquela região, tendo reconhecido a “generosidade” do povo e governos brasileiros no acolhimento a essas pessoas.
“Estou muito impressionado com os esforços do Governo federal, governos estaduais, mas também Organizações não Governamentais, sociedade civil, moradores locais, que de forma generosa acolheram todos os venezuelanos aqui em Boa Vista. Obviamente que este é um grande desafio. A América Latina nunca viu um movimento de pessoas desta dimensão”, frisou Filippo Grandi.
A “Operação Acolhida”, criada no ano passado pelo Governo brasileiro para receber milhares de venezuelanos que fogem da crise social e política do país, foi prorrogada em Janeiro por mais um ano, até Março de 2020.
A Operação garante abrigos, além de acções de registo e fornecimento de documentação aos venezuelanos que chegam como refugiados ou que pedem visto de residência.
Porém, apesar de ter tecido elogios à forma como as autoridades brasileiras geriram esforços na Operação, Grandi reforçou a necessidade de garantir atenção às minorias.
“Penso que esta é uma abordagem muito positiva, mas há muitos desafios que temos de continuar a enfrentar e discutir com o Governo. Uma das dificuldades é a inserção dos grupos mais vulneráveis, como mulheres sozinhas, comunidade LGBTI (sigla para lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexo) e indígenas. É importante que esses grupos recebam os mesmos cuidados que são oferecidos a outras pessoas”, apelou o Alto-Comissário.
Também as comunidades locais estiveram sob o foco de Grandi devido aos “muitos sacrifícios” que fazem para acolher refugiados.