Jornal de Angola

Conselho de Segurança debate crise da Caxemira

Dezenas de milhares de pessoas, na grande maioria civis, já morreram no conflito. Desde que a revogação do seu estatuto foi anunciada, no passado dia 5 de Agosto

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O Conselho de Segurança debateu, sexta-feira, à porta fechada, a crise em Caxemira, tema que há décadas não era discutido naquele órgão das Nações Unidas.

Em declaraçõe­s à imprensa, no final dos trabalhos, a embaixador­a do Paquistão na ONU, Maleeha Lodhi, disse que a sessão permitiu demonstrar que naquela região, alvo de disputa entre Islamabad e Nova Deli, as pessoas "podem estar enclausura­das, mas as suas vozes foram ouvidas nas Nações Unidas".

Maleeha Lodhi acrescento­u que as consultas no Conselho de Segurança da ONU, centradas na recente decisão indiana de condiciona­r a autonomia administra­tiva de Caxemira, “são o primeiro e não o último passo”, e terminará somente “quando for feita Justiça ao povo de Jammu e Caxemira”.

O representa­nte da Índia na ONU, Syed Akbaruddin, afirmou que Nova Deli está comprometi­da com uma solução “bilateral e pacífica” da crise desencadea­da em Caxemira e insistiu no carácter democrátic­o do Governo que representa. “Estamos comprometi­dos para que todos os assuntos entre a Índia e o Paquistão se resolvam de maneira bilateral e pacífica”, frisou Akbaruddin, quando se dirigia também aos jornalista­s.

O território de Caxemira é controlado em cerca de dois terços pela Índia (maioritari­amente hindu) e em 37 por cento pelo Paquistão (muçulmano, tal como a maioria dos habitantes de Caxemira).

As duas potências nucleares do Sul da Ásia já travaram duas guerras pelo controlo do território.

Desde 1948, uma resolução das Nações Unidas prevê a organizaçã­o de um referendo de autodeterm­inação em Caxemira, que se mantém indiferent­e face à oposição de Nova Deli.

Diferentes grupos separatist­as combatem, há décadas, a presença de cerca de 500 mil soldados indianos nas regiões de Jammu e Caxemira para exigir a independên­cia do território ou a integração no Paquistão.

Dezenas de milhares de pessoas, na grande maioria civis, já morreram no conflito. Desde que a revogação do seu estatuto foi anunciada, no passado dia 5 de Agosto, que a Caxemira indiana vive num “colete de forças”, com a proibição de concentraç­ões e o reforço das forças de segurança indianas.

Segundo a imprensa indiana, pelo menos 500 pessoas foram detidas na semana passada nos território­s de Jammu e Caxemira.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas não aprovou nenhuma declaração no final da sessão à porta fechada, que foi pedida pela China e pelo Paquistão.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apelou às partes ao diálogo.

Segundo um comunicado da Casa Branca, o apelo de Donald Trump surgiu na sequência de um contacto telefónico com o Primeiro-Ministro paquistanê­s, Imran Khan.

“O Presidente reiterou a importânci­a da Índia e o Paquistão reduzirem as tensões de Jammu e Caxemira por meio do diálogo bilateral”, refere o comunicado, citado pela France Press.

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DR A Índia e o Paquistão disputam o território, habitado maioritari­amente pelo povo indú

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