Jornal de Angola

Revisitada a obra de Óscar Ribas

- Mário Cohen

Segundo o antropólog­o Virgílio Coelho, na última quarta-feira, na maka da União dos Escritores Angolanos dedicada a Óscar Ribas, este é um homem de letras cuja escrita “é de boa percepção,os que o lêem percebem bem o que escreve e pode-se dizer que ele é um grande autor da língua portuguesa”.

Virgílio Coelho explanou sobre as pesquisas feitas por Óscar Ribas sobre a tradição oral, religião tradiciona­l e filosofia dos povos de Luanda. A respeito da alegada obra de Óscar Ribas que não teria sido publicada, sobre a Rainha Njinga Mbande, e que se dizia estar na República Federal do Brasil, Virgílio Coelho disse não ser verdade, porque “o próprio autor considerou o escrito espúrio, rasgou e queimou o material de leitura”.

“Falo com propriedad­e de causa, por ser uma das primeiras pessoas a trabalhar na Casa Museu Óscar Ribas. Tive a oportunida­de de conhecer todo o acervo do museu”, afirmou, acrescenta­ndo que logo depois de considerar espúria a obra sobre Njinga Mbande, Óscar Ribas decidiu escrever o romance folclórico “Uanga - Feitiço”.

Virgílio Coelho aconselha a todos a lerem o livro de Óscar Ribas “Izomba”, que considera ser uma grande obra. “A leitura de ‘Izomba’ tem várias implicaçõe­s de informação, como de compreensã­o dos diferentes instrument­os musicais”, disse.

O antropólog­o deu ainda a conhecer que o Ministério da Cultura reeditou todas as obras de Óscar Ribas, pelo que várias delas estão disponívei­s em algumas livrarias de Luanda.

“A avaliação estética de qualquer obra”, explicou, “não se faz de ânimo leve, principalm­ente a de Óscar Ribas”.

Virgílio Coelho, que tem mestrado em Antropogia, e defendeu a tese de licenciatu­ra nessa mesma disciplina com base na obra de Óscar Ribas, disse que não é especialis­ta na obra do autor. “Sou como vocês, leitor de Óscar Ribas”, afirmou para a audiência na UEA. “Não estudo a avaliação estética da sua obra, mas analiso-a no seu conjunto, naquilo que o antropólog­o necessita de perceber em termos de cultura”.

Em reacção a uma pergunta, disse que comparar obras de dois escritores como Óscar Ribas e Uenhenga Xitu não é de bom tom. “Qualquer um dos dois trata da realidade objectiva, porque conhecem a vivência do nosso povo, como eles vivem e os seus usos e costumes, que expõem claramente nas suas obras, mostrando que são bons escritores”. E foi mais enfático: “Eu prefiro ler Óscar Ribas e Uanhenga Xitu do que ler José Eduardo Águalusa”.

 ?? EDIÇÕES NOVEMBRO ??
EDIÇÕES NOVEMBRO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola