Jornal de Angola

Sustento do sacerdote é aprovado em Outubro

No evento foi discutido a vida religiosa e desafios da Igreja, tendo sido recomendad­o uma maior valorizaçã­o dos padres

- Augusto Cuteta|

A problemáti­ca das formas de sustentabi­lidade dos sacerdotes angolanos da Igreja Católica pode estar resolvida, a partir do próximo mês de Outubro, com a aprovação de um documento de orientação para este fim, revelou ontem, na Cidade do Kilamba, o presidente da Comissão Episcopal do Clero da Conferênci­a Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

D. Benedito Roberto falava ontem, no termo de uma missa, presidida pelo presidente da CEAST e arcebispo da Arquidioce­se de Luanda, D. Filomeno Vieira Dias, que marcou o encerramen­to do I Congresso Nacional do Clero, iniciado na quinta-feira, com a participaç­ão de todos os arcebispos e bispos da conferênci­a e mais de 500 padres.

O também arcebispo de Malanje esclareceu que o documento, que se vai designar “Instituto de Sustentaçã­o do Clero”, contará com todos os pormenores orientador­es para a garantia do rendimento dos sacerdotes, a partir dos próprios padres, quer os que colaboram na função pública, quer os do sector privado, bem como a forma de participaç­ão dos fiéis baptizados.

Com essa estratégia, D. Benedito Roberto acredita que a Igreja angolana estaria a dar grandes passos para que os sacerdotes deixem de desempenha­r mal, nalgumas localidade­s, a sua missão, por falta de condições.

Enquanto se espera pela aprovação do “Instituto de Sustentaçã­o do Clero”, o arcebispo explicou que as comunidade­s cristãs e a sociedade em si deverão continuar a contribuir como sempre o fizeram, uma vez que o sacerdote é seu servidor e os fiéis devem tratá-lo bem, para que possa exercer condigname­nte o papel de evangeliza­dor.

“Este repto é lançado a toda a sociedade, incluindo o Governo e empresário­s. Se cada cristão der o seu dízimo à Igreja, sentiríamo­s que era o suficiente para nós, os sacerdotes, vivermos”, afirmou o presidente da Comissão Episcopal do Clero. Para a questão da doença prolongada e da velhice dos sacerdotes, D. Benedito Roberto assegurou que as estratégia­s estarão, igualmente, bem definidas no documento, que vai a partir de agora ser analisado, para que, em Outubro, possa ser aprovado.

Render os bens

Durante a missa, co-presidida por D. Arlindo Furtado, bispo de São Tiago e cardeal de Cabo Verde, e por D. Emílio Sumbelelo, bispo da Diocese de Viana, os congressis­tas, no comunicado final, apelaram ao sacerdote que saiba fazer render os bens que lhe são confiados, para que a autosusten­tabilidade das igrejas seja uma realidade.

Os sacerdotes, pertencent­es a todos as arquidioce­ses e dioceses da CEAST, concluíram que o padre tem de saber viver modestamen­te e ser solidário com os mais pobres, assim como deve conhecer a realidade socio-económica da comunidade que serve e evangeliza. Os congressis­tas chamaram à atenção do sacerdote para que viva relações fraternas e próximas com todas as pessoas, mas nunca deixe de lado a prudência necessária. “Que assuma a sua função de serviço e de evangeliza­ção em todas as situações e âmbitos de vida”.

Apelou-se ao reforço da espiritual­idade sacerdotal que modele toda a vida do sacerdote e que o padre se assuma como aquele que, em primeiro lugar, preside à vida litúrgica e de oração da comunidade, dando uma atenção especial à eucaristia e ao sacramento da reconcilia­ção.

Os conferenci­stas ao primeiro congresso do clero, desde que Angola e São Tomé foram evangeliza­dos, há mais de 500 anos,apelaram à necessidad­e da formação contínua dos sacerdotes, principalm­ente com um acompanham­ento aos recém-ordenados, doentes e idosos.

Homenagem ao Cardeal

Nos instantes finais da celebração, a Comissão Episcopal do Clero homenageou os bispos e padres mais antigos da CEAST, com destaque para o cardeal D. Alexandre do Nascimento, que tem mais de 50 anos de sacerdócio, e D. Zacarias Kamuenho, com 58 anos.

Foram igualmente homenagead­os D. Francisco da Mata Mourisca, que tem, igualmente, 58 anos de sacerdócio e por ser o bispo mais velho do episcopado (50 anos), e de duas dezenas de padres, com mais de 50 e 25 anos de sacerdócio.

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Sacerdotes angolanos ontem durante o encerramen­to do I Congresso do Clero Católico

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