Cuanza-Norte recolhe mais de 29 mil engenhos explosivos
Desde 2004, brigadas de desminagem limparam, em todos os municípios da província, mais de 32 mil metros quadrados que estão afectados por engenhos
Um total de 29.331 engenhos explosivos, entre minas e munições de pequeno, médio e grande calibre, foi recolhido nos últimos 15 anos nos 10 municípios que compõem a província do Cuanza-Norte.
A informação foi revelada ontem, em Ndalatando, durante a abertura do Programa Nacional de Educação e Prevenção Sobre Riscos de Minas e outros Engenhos Explosivos, remanescentes da guerra, realizado no campo de futebol da “BelaBaixa”, comunidade do bairro Hoji-ya-Henda.
Segundo o Instituto Nacional de Desminagem, actualmente a região possui 136 zonas suspeitas de minas, determinadas em 76 aldeias. A instituição revela ainda que, desde 2004, já foram limpos de minas 32.793.382 metros quadrados em todo o território da província.
A Ministra da Acção Social Família e Promoção da Mulher, Faustina Fernandes, manifestou-se preocupada, na abertura do evento, com o número crescente de acidentes de minas e outros engenhos explosivos. Afirmou, que nos últimos três anos, o país registou 70 incidentes que vitimaram 156 pessoas, das quais 87 crianças, 21 destas mortalmente.
Faustina Fernandes informou que o maior número de incidentes registados em 2017, 2018, e no primeiro trimestre deste ano, ocorreu nas províncias de Benguela, Bié e Cuando Cubango, acrescentando que as regiões mais afectadas são o Cuando Cubango com 267 zonas identificadas, Moxico com 247, Cuanza-Sul com 137 e Bié com 125.
Na sua opinião, maior parte das pessoas vítimas de minas nasceu depois da guerra, e não teve acesso aos programas de sensibilização sobre os perigos de minas e outros engenhos explosivos, sustentando que os acidentes “acontecem maioritariamente” em zonas de cultivo, pecuária, exploração de lenha e produção de carvão.
A ministra disse que o Executivo continua atento às questões ligadas a este fenómeno, e está a redobrar os esforços, com vista a melhoria do processo de educação, prevenção e sensibilização das populações sobre o perigo que as minas representam.
Para Faustina Fernandes, Malanje deve servir de exemplo para outras províncias, no que toca às acções de sensibilização, pois naquela região, devido aos efeitos positivos do programa não tem-se registado acidentes por minas ou por outros engenhos explosivos. “A campanha de sensibilização vai decorrer em todo o território nacional, através de acções combinadas, com o propósito de atingir todas as comunidades”, disse a ministra.
Sucesso do programa
A vice-governadora do Cuanza-Norte, Leonor Garibaldi, disse, na abertura do Programa Nacional de Educação e Prevenção Sobre Riscos de Minas, que as comunidades, com este programa, estão a ser munidas de ferramentas para a diminuição de acidentes.
Leonor Garibaldi frisou que a desminagem das principais zonas de cultivo vai contribuir para o aumento da produção agrícola e a melhoria da circulação de pessoas e bens, acrescentando que o executivo local vai ajudar na promoção das diferentes etapas de sensibilização.
“A maior parte das pessoas vítimas de minas nasceu depois da guerra, e não teve acesso aos programas de sensibilização sobre os perigos de minas e outros engenhos explosivos”