Cota 50, brilhou nos Jogos Olímpicos de Moscovo
a fotografia nos anos 1960, na altura com 13 anos, quando foi sido detido pelas tropas coloniais, nas matas de Nambuangongo, Bengo. Paulino Damião, conhecido por Cota 50, foi dos pioneiros da reprodução da fotografia rudimentar e artística, produzida com uma câmara escura, com forma de caixote inventado entre os anos 70 e 80.
De acordo com o próprio, a caixa servia de laboratório, dando possibilidade de fazer a foto e ao mesmo tempo a revelação.
“Nela, continha um orifício com abertura do tamanho de uma agulha, que, à medida do tempo e da necessidade, ia alargando. A velocidade era uma tampa que abria e fechava instantaneamente. Podia ser ao lado ou de cima para baixo e ao sinal da contagem”, explicou.
Com a máquina de furo, acrescenta, metiase o papel que servia de película. “Este era a primeira foto já tirada pela própria máquina, o chamado negativo. Encostava-se com um pedaço de madeira à primeira foto, que, em seguida, era refotografada. A imagem voltava para a máquina e dava lugar à segunda foto, o positivo, que dava a fotografia acabada”.
Fotojornalista reformado da Edições Novembro EP, destaca na sua carreira a cobertura dos Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980, na companhia do então jornalista Víctor Silva, actual PCA da empresa. Conta que, por ser o único fotojornalista negro na altura, a sua presença despertou a atenção do público nos estádios, o que suscitou curiosidade de alguns órgãos de comunicação. Consta também no seu registo histórico a cobertura da primeira visita do Presidente Agostinho Neto ao Jornal
de Angola, em 1976, data que marcou a mudança do nome de Província de Angola para Jornal de Angola.
Cota 50 lembra a cobertura de papas a Angola, João Paulo II, no mês de Junho de 1992, e papa Bento XVI em Março de 2009, de quem afirma ter recebido uma medalha que guarda como lembrança. Paulino Damião dedica-se actualmente à fotografia artística e da natureza, para fins de exposição.