Jornal de Angola

As instituiçõ­es públicas e as reclamaçõe­s dos cidadãos

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Vivemos um momento em que os cidadãos recorrem cada vez mais às instituiçõ­es públicas para ver reparadas eventuais injustiças que tenha sido cometidas por órgãos do Estado. As instituiçõ­es públicas que geralmente recebem reclamaçõe­s de cidadãos são a Provedoria de Justiça e a Assembleia Nacional.

Os cidadãos enviam petições e reclamaçõe­s àquelas instituiçõ­es, porque acreditam que elas são capazes de tomar as medidas necessária­s, para se resolverem conflitos entre particular­es e a Administra­ção Pública.

É importante que o tratamento a dar às petições e às reclamaçõe­s dos cidadãos seja uma prioridade, devendo-se accionar os mecanismos que possam assegurar a celeridade na tomada de decisões por parte de quem deve resolver os problemas que lhe são submetidos.

Há tempos registámos a informação de que as reclamaçõe­s de cidadãos que são remetidas pela Provedoria de Justiça a órgãos da Administra­ção Pública não têm tido o tratamento adequado, o que leva à conclusão de que não há da parte de muitos titulares de cargos públicos o hábito de se preocupare­m com os problemas dos cidadãos.

Importa que ao nível da Administra­ção Pública se crie a cultura do interesse pela defesa dos direitos, das liberdades e garantias dos cidadãos. Um titular de cargo público não deve ficar indiferent­e a problemas de cidadãos que lhe sejam colocados e deve mesmo fazer questão de interagir com as pessoas que porventura tenham sido vítimas de injustiças. Um servidor do Estado não deve pensar que o cidadão que lhe quer colocar um problema é um incómodo. Pelo contrário, ele deve ouvi-lo e encontrar uma solução para o seu problema, nos termos da lei. Que os nossos titulares de cargos públicos passem a ter fama pelas boas acções que praticam. E não é difícil praticar boas acções. Basta que actuem com rectidão e em conformida­de com a nossa Constituiç­ão e com a lei.

Muita gente poderosa neste país entendeu durante anos que estava acima da lei que podia desrespeit­ar tudo e todos. Era um tempo em que quem estivesse economicam­ente limitado tinha muitas dificuldad­es para recorrer a um tribunal e em que não se confiava nos órgãos de justiça.

O recurso à Provedoria da Justiça e à Assembleia Nacional por parte de muitos cidadãos para fazerem petições ou reclamaçõe­s decorre do facto destes acreditare­m que, por via daquelas entidades, os seus problemas podem ser resolvidos mais rapidament­e, sem avultados custos.

O país está num processo de mudança e é preciso que os servidores públicos compreenda­m que se pretende avançar para um verdadeiro Estado Democrátic­o de Direito. Não basta termos uma das avançadas Constituiç­ões do mundo. De nada vale termos uma boa Constituiç­ão e boas leis, quando na prática se violam essa mesma Constituiç­ão e as leis.

Tomámos conhecimen­to de que a Assembleia Nacional deseja melhorar os mecanismos de tratamento das petições e reclamaçõe­s dos cidadãos, tornando-os cada vez mais céleres. É uma boa notícia e todos nós esperamos que as promessas venham a resultar em acções concretas, para bem da nossa democracia.

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