As línguas nacionais
A promoção das línguas nacionais é assunto que tem merecido a atenção de muitos cidadãos, em particular daqueles que estão ligados ao seu ensino. Temos no país muitos milhares de angolanos que não dominam a língua oficial, o português, e que se comunicam mais nas suas línguas maternas. Era bom que se prestasse muita atenção à comunicação em línguas nacionais. Há crianças no nosso país que só tomam contacto com as língua portuguesa quando vão para a escola. Não sou pedagogo, mas costuma-se dizer que uma criança pode aprender várias línguas, sem prejuízo de nenhuma delas. Conheci um guineense que falava crioulo, português e francês. Ele me dizia que quando falava em francês ou em português pensava na sua língua materna, o crioulo, mas isso não o impedia de falar fluentemente todas essas línguas. Era bom que os nossos especialistas estudassem este fenómeno de uma criança nunca ter falado antes de ir à escola o português e ter de aprender aos seis anos uma nova língua, para se saber se há ou não grandes dificuldades de assimilação de conhecimento. Há colégios privados que incluem nos seus programas de ensino as línguas francesa e inglesa. Por que razão não ministram também aulas de línguas nacionais, deixando que os alunos optassem pela língua que quisessem aprender? Sei que pode não haver professores para dar aulas de línguas nacionais, mas acredito que haja igrejas que tenham pessoas com capacidade para ensiná-las. Algumas igrejas têm uma longa tradição de publicação de obras religiosas em línguas nacionais. Devia-se aproveitar essa experiência para que muitas das nossas escolas, públicas e privadas, tenham disciplinas de línguas nacionais. Devia-se também aproveitar a experiência de escolas privadas que ensinam línguas nacionais. ARMANDA JOÃO Maculusso