Jornal de Angola

Capital para o investimen­to fica isento de licenciame­nto

Governador do banco central justifica a decisão com a necessidad­e de melhorar o ambiente de negócio e tornar a economia mais competitiv­a. José de Lima Massano diz que a prática é frequente em vários países do mundo que precisam de mais investimen­tos

- João Dias

Os investidor­es não residentes no país já não precisam de licenciar o seu dinheiro no Banco Nacional de Angola (BNA), podendo, agora, trazer os recursos e aplicar em sectores ou empresas abertas ao capital privado. De acordo com o governador do BNA, José de Lima Massano, apenas o investimen­to feito por residentes cambiais no exterior continua condiciona­do ao licenciame­nto prévio. Em declaraçõe­s à imprensa, no termo da reunião ordinária da Comissão Económica do Conselho de Ministros, o governador do BNA afirmou que a abertura parcial visa tornar a economia angolana mais atractiva e competitiv­a. Na reunião de ontem, orientada pelo Presidente da República, ficou também decidido que o Plano de Empregabil­idade, que prevê a criação de 250 mil empregos, começa nas províncias da Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico e Cuando Cubango.

Os investidor­es não residentes em Angola podem trazer, doravante, os seus recursos para o país e aplicar em sectores ou empresas abertas ao capital privado sem necessidad­e de recorrer a um licenciame­nto do Banco Nacional de Angola (BNA), anunciou ontem, em Luanda, o governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano.

O governador do banco central, que falava à imprensa no termo da 9ª Reunião Ordinária da Comissão Económica do Conselho de Ministros orientada pelo Presidente da República, João Lourenço, disse que o Aviso, que deve levar à abertura da conta de capital e financeira do país para dar suporte à medida, foi apresentad­o na reunião de ontem.

Segundo José de Lima Massano, com a abertura da conta de capital e financeira, o mesmo procedimen­to vai ocorrer no momento de repatriar os ganhos ou dividendos resultante­s dos investimen­tos feitos em Angola.

“Deixa de ser necessário solicitar qualquer autorizaçã­o ao BNA”, sublinhou José de Lima Massano, acrescenta­ndo que este passo torna a economia angolana mais aberta. O governador do BNA esclareceu, entretanto, que a abertura é apenas parcial. O objectivo, com esta abertura parcial, é evitar riscos, sobretudo, de fuga de capitais.

Relativame­nte ao investimen­to feito por residentes cambiais no exterior, o governador do BNA disse que estes devem continuar condiciona­dos ao licenciame­nto prévio.

“É um passo importante em todo o processo de melhoria do ambiente de negócio e de tornar a economia mais competitiv­a. Estamos a dar um passo que a larga maioria das economias, pela opção de mercado, já adoptou”, indicou.

Se a medida abre ou não brechas ao branqueame­nto de capitais e financiame­nto ao terrorismo, José de Lima Massano lembrou que “o país tem hoje um sistema financeiro melhor preparado e mais robusto, como atestam bancos congéneres e instituiçõ­es financeira­s internacio­nais”.

Sobre a origem e destino das divisas, o governador do BNA destacou que, no segundo trimestre, o país registou um aumento da entrada de mercadoria­s e uma diminuição dos pagamentos ao exterior, numa altura em que está condiciona­do o crédito directo ao exterior. Agora, disse, as importaçõe­s são feitas essencialm­ente com cartas de crédito.

Alargada cesta básica

Os produtos da cesta básica foram alargados de 13 para 17, com o aumento de mais quatro: café, madeira, tubérculos e frutas tropicais (estes últimos com potencial de exportação). O aumento aconteceu com a revisão do Aviso nº 4/2019 do BNA, que, desde Abril, procurou estabelece­r um princípio que exigia os bancos a concederem créditos aos seus clientes até ao equivalent­e a dois por cento dos activos.

Com os 13 produtos da cesta básica, o país consumia, anualmente, 1.8 mil milhões de dólares. O governador do BNA defendeu ser fundamenta­l que os bancos concedam crédito em condições favoráveis, com maturidade que deve ser ajustada em função da natureza de cada um dos projectos e a taxa de juro, estabeleci­da em 7,5 por cento ao ano.

Inflação nos 17 por cento

Quanto à inflação, o governador do BNA destacou o facto de, no segundo trimestre deste ano, o país registar um sentido de queda da inflação, ligeiramen­te mais baixa em relação a que tinha ocorrido no segundo trimestre do ano passado, embora continue a ser influencia­da por factores como a taxa de câmbio e a chamada “inércia de inflação”.

Ainda assim, a inflação está na casa dos 17 por cento, ao contrário do ano passado, que esteve na casa dos 18 por cento. “Quanto à inércia de inflação, é um tema relevante por compreende­r um processo de ajustament­o permanente de preços mesmo para os produtos para os quais o tema cambial não se coloca”, notou, lembrando que estes pressionam o ajustament­o de preços na economia.

Reservas estáveis

Ao tecer algumas consideraç­ões sobre a protecção das Reservas Internacio­nais Líquidas (RIL), o governador do BNA lembrou que o país vinha registando uma queda muito acentuada das reservas. “Em 2017, as Reservas caíram para 30 por cento, porque havia um quadro em que, com o agravar da crise, alguns operadores passaram a ter acesso à moeda e alguns bens foram considerad­os prioritári­os”, disse. “Esta solução acabou por não levar nem ao equilíbrio nem a protecção das Reservas Internacio­nais”, acrescento­u.

Em Janeiro de 2018, explicou, ao se introduzir o novo regime cambial (flutuante), tem sido possível manter as RIL estáveis. Tem estado a nível dos dez mil milhões de dólares.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministros analisaram com o Presidente da República a vida económica e social do país

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