Jornal de Angola

Presidente pede reforma profunda na ONU para resolver conflitos e prevenir guerras

Na maior tribuna política mundial João Lourenço falou dos desafios que o país enfrenta que passam pela atracção de investimen­to estrangeir­o para relançar a economia. O Presidente da República recebeu o responsáve­l da Fundação Bill & Melinda Gates

- Guilhermin­o Alberto / Nova Iorque

O Presidente da República, João Lourenço, reafirmou, ontem, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, que Angola está de braços abertos ao mundo, ao investimen­to estrangeir­o em todos os domínios da economia.

Discursand­o na 74ª Sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, o Chefe de Estado declarou que estão em processo de privatizaç­ão cerca de centena e meia de empresas e activos públicos de diferentes sectores da economia, incluindo o petrolífer­o. Apontou, por outro lado, o lançamento de um ambicioso plano de construção e reabilitaç­ão de infra-estruturas de produção e distribuiç­ão de água e energia, construção de hospitais e estabeleci­mentos de ensino, reparação de vias secundária­s e terciárias e que vão abranger a totalidade dos 164 municípios do país, estando já assegurado o orçamento dessas obras.

Destacou igualmente as profundas reformas em curso para construir, de facto, um Estado democrátic­o de direito, combater a corrupção e a impunidade, promover a cultura da responsabi­lização e prestação de contas pelos servidores públicos, criar um ambiente de negócios mais atractivo ao investimen­to privado nacional e estrangeir­o e, deste modo, aumentar a produção interna de bens e serviços, reduzir as importaçõe­s de bens de primeira necessidad­e, aumentar o leque e a quantidade de bens exportávei­s e aumentar a oferta de emprego.

“O Executivo encara todos estes desafios com bastante seriedade e transparên­cia”, acentuou.

Numa mensagem para o mundo, João Lourenço pediu o fim do embargo contra Cuba e defendeu a reformulaç­ão da composição do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"Reiteramos a necessidad­e de alargar os membros permanente­s do Conselho de Segurança para contemplar África e a América do Sul, pelo facto de a actual composição que colocou as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial já não reflectir a necessidad­e de um mais justo equilíbrio geoestraté­gico mundial", vincou o Presidente da República.

Elencou a península coreana, o Médio Oriente e o Golfo Pérsico como regiões problemáti­cas, exortando a ONU e a União Africana a dedicarems­e mais àao conflito na Líbia.

"A ONU e a União Africana devem emprestar mais atenção à necessidad­e de normalizar a situação política na Líbia, pelo facto de os grupos terrorista­s controlado­s pelas diferentes milícias serem a fonte de abastecime­nto logístico dos grupos fundamenta­listas que actuam no continente", lembrou João Lourenço.

"África vem sendo assolada pelo terrorismo, sobretudo de cariz fundamenta­lista religioso, em países como o Mali, Níger, Nigéria, Camarões, Burkina Faso, Tchad, República Centro-Africana e Somália, para citar apenas alguns", apontou.

O Chefe de Estado angolano apelou ao fim da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China "pelas consequênc­ias nefastas que já se fazem sentir na economia mundial".

O Presidente João Lourenço defendeu a preservaçã­o do ambiente e mais acções em prol da juventude.

"Os exemplos concretos do fenómeno das alterações climáticas e do aqueciment­o global multiplica­m-se pelo mundo fora, o que nos leva a associar-nos aos que denunciam a irresponsa­bilidade dos que persistem em ignorar esses sinais e se acham no direito de financiar as indústrias poluentes", disse.

O Presidente João Lourenço mostrou-se preocupado com os conflitos político-militares e as enormes desigualda­des económicas ainda existentes, que representa­m uma ameaça permanente a toda a Humanidade, obrigando a união de esforços na resolução dos problemas reais que constituem as prioridade­s globais, como a protecção do Ambiente e a erradicaçã­o definitiva da fome e da pobreza, das doenças endémicas, do tráfico de pessoas e drogas, da imigração ilegal, do terrorismo e de outros atentados à paz, criando o ambiente adequado ao progresso social e ao desenvolvi­mento.

Fundação Bill e Melinda Gates

Depois do discurso na Assembleia Geral da ONU, o Chefe de Estado angolano recebeu, em audiência, no hotel onde está hospedado, o presidente da Fundação Bill & Melinda Gates, Christiphe­r J. Elias.

Em declaraçõe­s à imprensa, Christophe­r J. Elias disse que abordou com o Presidente João Lourenço aspectos ligados ao apoio que a Fundação tem prestado a Angola no domínio da Saúde, nomeadamen­te na área da vacinação contra a poliomieli­te e o sarampo.

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DR Chefe de Estado foi o primeiro a discursar no período da tarde na Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova Iorque

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