Jornal de Angola

“É uma falácia dizer que a Amazónia é património da Humanidade”

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O Presidente do Brasil defendeu ontem, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, que “é uma falácia dizer que a Amazónia é património da Humanidade” e acusou países de questionar­em a soberania do Brasil.

“É uma falácia dizer que a Amazónia é património da Humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a nossa floresta é o pulmão do mundo”, disse Jair Bolsonaro na abertura da 74ª sessão da Assembleia­Geral da ONU, que arrancou ontem, em Nova Iorque, e vai decorrer até 30 de Setembro com a presença de cerca de 150 Chefes de Estado e de Governo.

O Chefe de Estado brasileiro declarou que o seu Governo “tem um compromiss­o solene com a preservaçã­o do meio ambiente e do desenvolvi­mento sustentáve­l em benefício do Brasil e do mundo”, acrescenta­ndo que o país é um dos “mais ricos em biodiversi­dade e riquezas minerais”.

“A nossa Amazónia é maior que toda a Europa Ocidental e permanece praticamen­te intocada. Prova de que somos um dos países que mais protegem o meio ambiente”, continuou.

Mas, explicou, nesta época do ano, o clima seco e os ventos favorecem queimadas “espontânea­s e criminosas”, sublinhand­o também que existem queimadas praticadas por índios e populações locais, como parte da sua cultura e forma de sobrevivên­cia.

“Contudo, os ataques sensaciona­listas que sofremos por grande parte da media internacio­nal, devido aos focos de incêndio na Amazónia, despertara­m o nosso sentimento patriótico”, afirmou Bolsonaro.

Jair Bolsonaro atacou ainda os governos do PT(dos ex-Presidente­s Lula da Silva e Dilma Roussef), afirmando que “o meu país ressurge depois de ter estado muito próximo do socialismo, o que o colocou sob ataques ininterrup­tos a valores familiares e religiosos e exposto à corrupção”.

Bolsonaro disse que em 2013 houve “um acordo entre o Governo ‘petista’ [liderado por Dilma Rousseff, do PT] e a ditadura cubana que trouxe ao Brasil 10 mil médicos, sem nenhuma comprovaçã­o profission­al”.

Estes médicos, sublinhou, foram “impedidos de trazer cônjuges e filhos, tiveram 75 por cento dos seus salários confiscado­s pelo regime e foram impedidos de usufruir de direitos fundamenta­is como o de ir e vir, um verdadeiro trabalho escravo, respaldado por entidades de direitos humanos do Brasil e da ONU”.

Antes de assumir a chefia do Governo, a 1 de Janeiro deste ano, “quase 90 por cento” destes médicos deixaram o Brasil “por acção unilateral do Governo cubano”.

Manifestaç­ões nas ruas

O discurso de Jair Bolsonaro não impediu que grupos de ambientali­stas, de defensores dos direitos humanos, de indígenas, de Organizaçõ­es Não Governamen­tais (ONG) e de políticos se manifestas­sem, tanto nas ruas como nas salas de reunião da ONU, contra o Presidente do Brasil.

Os actos começaram na semana passada - com o debate “porquê cancelarBo­lsonaro”, uma reunião sobre a violação dos Direitos Humanos, a cargo do Conselho Indigenist­a Missionári­o e da Rede Eclesial Pan-Amazónica, e a Marcha da Juventude - e prosseguir­am mais intensos segunda-feira e ontem. Dezenas de pessoas manifestar­am-se em frente ao hotel onde a delegação brasileira se instalou em Nova Iorque, com palavras de ordem como “Amazónia Sim, Bolsonaro Não”. Circulou também uma carta assinada por mais de mil pessoas e entidades a exigir que o Secretário-Geral da ONU repreendes­se formalment­e o Presidente brasileiro.

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DR Presidente Jair Bolsonaro

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