Guterres: mundo enfrenta risco de “grande fractura”
Diante dos vários líderes mundiais, o secretário-geral da ONU referiu que o risco de fractura está a surgir no horizonte
O Secretário-Geral da ONU alertou ontem para o risco iminente do mundo enfrentar uma "grande fractura" protagonizada por dois sistemas paralelos, numa referência implícita às duas maiores economias globais, Estados Unidos e China.
António Guterres falava na abertura do debate geral da 74ª sessão da AssembleiaGeral da ONU, que arrancou ontem e vai decorrer até 30 de Setembro, com a presença de cerca de 150 Chefes de Estado e de Governo, incluindo do Presidente João Lourenço.
“Devemos fazer todo o possível para evitar uma grande fractura e manter um sistema universal: uma economia universal com respeito universal do Direito Internacional, um mundo multilateral com instituições multilaterais fortes”, afirmou o Secretário-Geral da ONU, sem mencionar especificamente os EUA e a China.
Este risco “pode ainda não ser grande, mas é real”, alertou António Guterres.
Diante dos vários líderes mundiais presentes na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, Guterres enfatizou que este risco de fractura está a surgir no horizonte num momento de "transição e disfunção das relações globais de poder", mencionando as movimentações para criar sistemas rivais de Internet, financeiros e monetários, bem como estratégias geopolíticas e militares.
Numa intervenção feita em três línguas (inglês, francês e espanhol) e que focou os vários temas, cenários e desafios que marcam a actualidade global, o SecretárioGeral da ONU traçou a imagem de um mundo que enfrenta, entre outros aspectos, uma “crise climática”, uma “possibilidade alarmante” de um conflito no Golfo, uma ameaça do crescimento do terrorismo e um aumento das desigualdades.
Presidente da AG
O presidente da AssembleiaGeral, o diplomata nigeriano Tijjani Muhammad-Bande, disse ontem que o mundo “permanece há muito tempo na encruzilhada do desenvolvimento humano”. Muhammad-Bande discursou na abertura do debate de alto-nível da AssembleiaGeral, na sede da ONU, em Nova Iorque.
O diplomata disse que é preciso “juntar esforços para encontrar soluções para as incontáveis dificuldades de conflitos violentos, terrorismo, desastres naturais, drogas, tráfico sexual e analfabetismo de que milhões de pessoas em todo o mundo sofrem.”
O presidente da AG referiu que em 1945, a ONU foi criada para “garantir que nunca mais se percorresse esse caminho destrutivo”. Apesar de algumas falhas, o diplomata nigeriano afirmou que “muita coisa boa aconteceu à Humanidade devido ao trabalho desta grande organização.”
Muhammad-Bande destacou a “conquista mais recente”, a adopção pelos países-membros da ONU da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, 2015.
No seu entender, os desafios mundiais “não serão resolvidos por países individualmente, porque exigem uma cooperação focada.”