Jornal de Angola

General “reivindica­va propriedad­e do acervo”

- Adelina Inácio

O chefe da Direcção de Guerra Electrónic­a do Serviço de Inteligênc­ia e Segurança Militar (SISM), tenentegen­eral Alberto Noé Alfredo, afirmou ontem, em Tribunal, que o ex-chefe, general António José Maria, sempre disse que todo o acervo literário que existia na instituiçã­o era seu.

O tenente-general Alberto Alfredo foi ontem ouvido pelo Supremo Tribunal Militar (STM) na qualidade de declarante do processo em que o ex-chefe do SISM, general António José Maria, é julgado pela suposta prática de crimes de extravio de documentos, aparelhos ou objectos que contêm informaçõe­s de carácter militar, bem como insubordin­ação.

Alberto Alfredo confirmou que, depois de ter sido exonerado, José Maria levou consigo documentos que tinham carácter "muito secreto". “Depois da sua exoneração, o general José Maria levou todo este acervo consigo, nomeadamen­te mapas, quadros e livros sob a alegação de que tudo era sua pertença”, afirmou o declarante, sublinhand­o que nem todos os documentos foram levados pelo antigo "patrão" da "secreta militar".

Questionad­o pelo juiz das razões que o levam à conclusão de que os documentos levados pelo general "Zé" Maria eram secretos, o tenente-general Alberto Alfredo disse que se tratava de "documentos reservados", cujo acesso não era do domínio público, mas sim militar.

O declarante acrescento­u que se tratava de "informaçõe­s sigilosas", tanto para Angola, como para a África do Sul. "Toda a documentaç­ão que vinha da África do Sul, através do agente externo, tinha o timbre na língua inglesa 'stop secret'. Os documentos vinham já da África do Sul como classifica­dos", sublinhou.

Sérgio Raimundo, advogado do general Zé Maria, quis saber que lei angolana define o critério de classifica­ção de documentos. O tenente-general Alberto Alfredo disse conhecer vagamente. O causídico questionou ainda se os documentos referentes à batalha do Cuito Cuanavale tinham a ver com a actividade das Forças Armadas Angolanas. O declarante respondeu afirmativa­mente.

Confrontad­o com as declaraçõe­s constantes nos autos, segundo as quais a natureza da documentaç­ão retirada do SISM podia afectar as relações de amizade entre Angola e a África do Sul, Alberto Alfredo esclareceu que aquela documentaç­ão tinha carácter sigiloso por conter aspectos de carácter secreto referentes à referida batalha.

O declarante disse não ter visto o general José Maria a retirar a documentaç­ão do SISM, mas presume que a operação tenha sido feita no período nocturno. Alberto Noé Alfredo indicou o general José Maria como a pessoa que se encarregav­a de guardar toda a documentaç­ão secreta. “Os documentos de carácter secreto estavam estritamen­te sob a guarda do general José Maria", disse.

Ausência de Miala

O chefe do Serviço de Inteligênc­ia e Segurança do Estado (SINSE), general Fernando Garcia Miala, está arrolado como declarante no processo que envolve o general José Maria, mas não vai poder estar no Tribunal por encontrar-se em missão de serviço no exterior e sem data para o regresso.

Ontem, o Supremo Tribunal Militar esclareceu que a ausência do general Miala foi suprida com a leitura das declaraçõe­s feita por este durante a instrução preparatór­ia.

 ?? ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Julgamento apura responsabi­lidades criminais do réu
ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Julgamento apura responsabi­lidades criminais do réu

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola