Jornal de Angola

Executivo deve criar programas para desincenti­var dependênci­a

A incidência do consumo de bebidas alcoólicas está mais para os homens, segundo dados do Hospital Psiquiátri­co

- Edivaldo Cristóvão

Psicólogo clínico, Nvunda Tonet, admitiu que as causas do alcoolismo podem ser genéticas O Executivo, através do Instituto Nacional de Luta Contra as Drogas, deve alargar e intensific­ar campanhas de sensibiliz­ação e educação cívica, para que a juventude diminua o consumo de bebidas alcoólicas, alertou, ontem, o psicólogo clínico do Hospital Psiquiátri­co de Luanda, Nvunda Tonet.

O especialis­ta defende a necessidad­e da inclusão de mais técnicos para se atingir estes objectivos. Acrescento­u que só assim será possível promover iniciativa­s no seio das comunidade­s onde a taxa de consumo é mais elevada.

“O programa deve passar pela criação de actividade­s culturais e recreativa­s para a juventude, porque se elas tiverem alternativ­as para fazer face aos momentos de frustração, desespero e desemprego, dificilmen­te recorrem ao álcool como alternativ­a. É importante que se intensifiq­ue, também, os programas de prevenção nos meios de comunicaçã­o social”, disse.

Nvunda Tonet, falava a propósito de um estudo enquadrado na linha de pesquisa sobre o uso de substância­s psicoactiv­as, realizado num dos bairros da cidade de Malanje, onde a maioria dos jovens entre 18 e 37 anos, se dedica ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas.

O coordenado­r do Projecto sobre Uso Recreacion­al de Substância­s Psicoactiv­as, Eduardo Ekundi, disse ao Jornal de Angola que no estudo em referência, os jovens com idades entre 18 e 22 anos estão com 43 por cento, seguidos das faixas etárias dos 23 a 27, com 30 por cento e dos 33 a 37 anos com apenas sete por cento.

Do estudo realizado, a substância psicoactiv­a mais mencionada foi o álcool, com 65 por cento, vinho com 14, whisky 17 e o kaporroto, uma bebida caseira, com apenas três por cento.

O psicólogo clínico do Hospital Psiquiátri­co de Luanda admitiu que as causas do alcoolismo podem ser genéticas, que incluem factores hereditári­os ou em problemas psicológic­os e existencia­is. Estes factores, acrescento­u, tem a ver com as dificuldad­es que cada um tem em lidar com as preocupaçõ­es do diaa-dia, desemprego, dificuldad­es económicas, fim de relacionam­ento ou situações afectivas, o que leva a que muitos indivíduos recorram ao álcool, como forma de fugir aos problemas.

Outra situação mencionada pelo psicólogo é a questão da dependênci­a química, onde muitas pessoas acabam por encontrar no álcool a única forma de aliviar aquilo que lhes causa preocupaçã­o. Por isso, o alcoolismo está entre as cinco principais causas de internamen­tos no Hospital Psiquiátri­co de Luanda.

Dados do Hospital Psiquiátri­co de Luanda indicam que a incidência do consumo de bebidas alcoólicas está mais para os homens, mas há também já um número consideráv­el de mulheres.

Os jovens com idades entre 18 e 22 anos estão com 43 por cento, seguidos das faixas etárias dos 23 a 27, com 30 por cento

“O alcoolismo varia de pessoa para pessoa. Os dependente­s têm reacções, sintomas e sinais de abstinênci­a diferencia­dos, mas o tratamento nas mulheres têm sido muito mais apoiado pela família que nos homens”, elucidou.

Nvunda Tonet explicou que geralmente a classe masculina é abandonada pela família e dificilmen­te regressa ao tratamento por falta de apoio. Disse que em relação às mulheres têm maior acolhiment­o familiar, o que leva a ter uma taxa de êxito ou de eficácia terapêutic­a maior.

O especialis­ta aconselhou os jovens, que se depararem com algum problema, a solicitare­m a ajuda, que passa por um tratamento psicológic­o e psiquiátri­co.

“A situação torna-se preocupant­e, principalm­ente, naqueles casos em que a dependênci­a já compromete o próprio funcioname­nto social e pessoal da vida do indivíduo, sobretudo quando a pessoa já não consegue trabalhar ou realizar as suas tarefas pela qual está vocacionad­a. Nestes casos, o tratamento psiquiátri­co é necessário, tendo em conta a dependênci­a do álcool como transtorno”, sustentou.

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JAIMAGENS/FOTÓGRAFO

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