O financiamento das empresas e a diversificação da economia
É sabido que um número elevado de empresas angolanas não tem capital para levar a cabo actividades produtivas. porque foram afectadas pela crise económica e financeira.
Em qualquer parte do mundo, as empresas, quando precisam de dinheiro para desenvolver actividade produtiva, recorrem geralmente a bancos comerciais, que usam os recursos financeiros dos que poupam, por via do depósito bancário, para os dar de empréstimo a investidores, com juros.
É uma boa notícia o facto de vários bancos comerciais angolanos estarem disponíveis para emprestar dinheiro a empresas, prevendo-se que num futuro próximo venha a assistir-se a um aumento da actividade produtiva, com o consequente incremento de oferta de postos de trabalho, numa sociedade, como é a nossa, em que a taxa de desemprego é das mais elevadas da África Austral.
Um dos grandes problemas que as empresas encontram quando pretendem pedir emprestado dinheiro aos bancos é a elevada taxa de juro que é prática no país. O crédito em Angola é ainda muito caro.
Faz sentido que um Banco Público, o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), que está alinhado com o Programa de Apoio à Produção, esteja a financiar parte dos juros cobrados por instituições bancárias comerciais aos empresários .
Um tal financiamento por parte do BDA vai levar a que muitos empresários recorram ao crédito bancário, prevendo o surgimento e ressurgimento de empresas privadas, com grandes ganhos para a economia e para os cidadãos, em particular para os jovens que procuram emprego.
A decisão do BDA de financiar parte dos juros que são cobrados a empresários decorre naturalmente do facto de o Estado pretender que o sector privado passe a ser o motor do crescimento económico. O Estado não quer ser mais o principal empregador, pelo que está a criar políticas que possam contribuir para a reanimação do tecido empresarial privado angolano, de modo a superarmos muitas carências em termos de oferta de produtos de diversa natureza e a diversificarmos as nossas exportações, para deixarmos progressivamente de depender excessivamente de um único produto, o petróleo. A crise económica e financeira mostrou-nos que a diversificação da economia é a melhor via para fazermos face a problemas económicos e financeiros futuros. Temos de nos preparar para os ciclos maus da economia, e não devemos dormir despreocupadamente sobre o nosso petróleo , como se este produto fosse o remédio permanente para os nossos problemas.
Temos de nos habituar a ver as empresas como agentes económicos indispensáveis para o crescimento económico. Não podemos mais subestimar o papel das unidades produtivas privadas no combate ao desemprego e à pobreza.