Jornal de Angola

Um clube com história de treinadore­s

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Fundado a 23 de Setembro de 1919, num banco de jardim em Belém, o Clube de Futebol Os Belenenses completou segunda-feira 100 anos de existência. Um centenário cheio de histórias, de momentos e figuras, cujo ponto desportivo mais alto terá sido alcançado em Maio de 1946, precisamen­te o mês e o ano em que o clube foi campeão de Portugal pela primeira e única vez.

Desta equipa do Belenenses que foi campeã l (antes tinha ganho o Campeonato de Portugal em três ocasiões, 1927, 1929 e 1933) fazia parte uma das grandes figuras do clube, Artur Quaresma, que nesse ano de glória participou em 22 jogos e marcou 14 golos, ele que represento­u o emblema do Restelo entre 1936 e 1948.

Artur Quaresma foi um dos três jogadores do Belenenses que num célebre jogo entre as selecções de Portugal e Espanha, em Fevereiro de 1938, nas Salésias, numa partida combinada entre Salazar e Franco, teve a coragem de desafiar o regime. Numa altura em que era tocado o hino e jogadores e público se levantaram de braço estendido a fazer a saudação fascista, num estádio cheio de figuras ligadas ao regime e embaixador­es da então Itália fascista e da Alemanha nazi, três jogadores, todos do Belenenses, recusaram-se a seguir o exemplo. Artur Quaresma manteve as mãos atrás das costas; Simões e Amaro fecharam o punho. O gesto saiu-lhes caro.

Artur Quaresma, Matateu e Vicente Lucas foram alguns dos melhores futebolist­as da história centenária do Belenenses, clube que actualment­e actua nos distritais, depois de em 2018 ter tomado a decisão de se separar da SAD e começar tudo de novo. Além do campeonato de Portugal conquistad­o, em 1945-46, o Belenenses ganhou também três Taças de Portugal (194142, 1959-60, 1988-89).

O clube da Cruz de Cristo tem também uma história feita de treinadore­s, casos de Otto Glória, que orientou os azuis entre 1959 e 1961, depois de ter deixado o Benfica. Ou Fernando Riera, o chileno que esteve ao comando do clube entre 1954 e 1957 e que depois viria a transferir-se para o Benfica, onde perdeu a final da Taça dos Campeões Europeus de 1962-63.

Entre Otto Glória e Fernando Riera, o Belenenses teve como treinador Helenio Herrera, técnico franco-argentino que tinha ganho dois campeonato­s espanhóis pelo Atlético de Madrid anos antes e que mais tarde, já na década de 1960, depois de ter passado pelo Barcelona, onde foi duas vezes campeão espanhol, viria a ficar na história do Inter Milão - além de três títulos de campeão italiano venceu duas Taças dos Campeões Europeus.

Helenio Herrera foi um dos grandes dinamizado­res do catenaccio, uma táctica defensiva, com marcação homem a homem, onde surge um líbero a apoiar os quatro defesas, que já tinha sido utilizada por vários treinadore­s (a primeira vez pelo austríaco Rappan na década de 1930 e depois já em Itália por Nereo Rocco), mas que no Inter de Milão teve um enorme sucesso.

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