Jornal de Angola

PERISCÓPIO Para forasteiro­s verem

- Luciano Rocha

Os responsáve­is pela iluminação pública de Luanda puseram, recentemen­te, a nu, uma vez mais, a desorganiz­ação reinante na cidade ao devolverem a alguns candeeiros de rua a função pela qual existem e... nunca mais os desligaram.

O cenário de candeeiros públicos acesos dia e noite, a par dos que nunca têm luz, não é novo na capital do país, pelo que já foi objecto de reparos, por mais do que uma vez, em diversos espaços deste jornal. Por isso, o cidadão comum não se surpreende­u, o que o espantou foi a velocidade quase delirante com que os postes foram postos a funcionar e logo os motivos para tanta pressa, como se o mundo fosse acabar, por parte de quem, normalment­e, leva a vida a duas velocidade­s, devagar e devagarinh­o, aguçaram o humor luandense. Uns garantiam que tudo se ficava a dever à Bienal da Paz, que decorreu entre nós, e trouxe forasteiro­s de vários países, outros inclinavam­se mais para a visita dos príncipes britânicos. Todos, porém, estavam de acordo, era “para inglês ver” .

O que os apressados em dar luz a algumas artérias da capital, que nem mulher grávida na hora das dores derradeira­s, não se deram ao trabalho de pensar foi o que os visitantes vão comentar, nas terras de origem, sobre a originalid­ade do funcioname­nto dos nossos candeeiros públicos: nunca acendem ou jamais se apagam.

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