PERISCÓPIO Para forasteiros verem
Os responsáveis pela iluminação pública de Luanda puseram, recentemente, a nu, uma vez mais, a desorganização reinante na cidade ao devolverem a alguns candeeiros de rua a função pela qual existem e... nunca mais os desligaram.
O cenário de candeeiros públicos acesos dia e noite, a par dos que nunca têm luz, não é novo na capital do país, pelo que já foi objecto de reparos, por mais do que uma vez, em diversos espaços deste jornal. Por isso, o cidadão comum não se surpreendeu, o que o espantou foi a velocidade quase delirante com que os postes foram postos a funcionar e logo os motivos para tanta pressa, como se o mundo fosse acabar, por parte de quem, normalmente, leva a vida a duas velocidades, devagar e devagarinho, aguçaram o humor luandense. Uns garantiam que tudo se ficava a dever à Bienal da Paz, que decorreu entre nós, e trouxe forasteiros de vários países, outros inclinavamse mais para a visita dos príncipes britânicos. Todos, porém, estavam de acordo, era “para inglês ver” .
O que os apressados em dar luz a algumas artérias da capital, que nem mulher grávida na hora das dores derradeiras, não se deram ao trabalho de pensar foi o que os visitantes vão comentar, nas terras de origem, sobre a originalidade do funcionamento dos nossos candeeiros públicos: nunca acendem ou jamais se apagam.