Mugabe sepultado na sua terra natal
O funeral do ex-Chefe de Estado do Zimbabwe, Robert Mugabe, realizou-se, ontem, na sua propriedade rural, com fortes medidas de segurança, com o caixão envolto na bandeira do país a ser transportado por militares.
“Este homem vive para sempre”, declarou o padre, que conduziu as cerimónias fúnebres, realizadas sem a presença da população, ao contrário do que é costume nos funerais africanos, que tradicionalmente são abertos a todos os que queiram homenagear os mortos.
O caixão de Mugabe, que morreu este mês, aos 95 anos, em Singapura, vítima de cancro, depois de liderar o país durante quase quatro décadas, desceu à terra embrulhado numa bandeira do Zimbabwe, após ter sido levado em ombros por militares, vindo de uma tenda que mostrava uma foto sua com o punho erguido, o gesto tradicional de resistência, e um arranjo floral onde se lia “Pai”.
Alguns dos rivais políticos de Mugabe, incluindo figuras da oposição que eram frequentemente detidos, marcaram presença no funeral, enquanto outros aliados de longa data não compareceram, segundo a reportagem da agência de notícias AP, que nota que vários dirigentes do seu partido não estiveram presentes.
Só os convidados previamenteaprovadostinhamautorização para testemunhar a cerimónia. “Esta cerimónia é um paradoxo”, disse o padre, explicando: “Estamos em luto ao mesmo tempo que estamos a celebrar porque este homem viveu a vida de uma maneira que muitos de nós gostaríamos de imitar”.
Momentos depois, ao lado do caixão, rezou: “Deus, tem piedade dele; não o julgues com demasiada severidade”.
Robert Mugabe foi sepultado em Zvimba, local de onde era natural, e não no monumento nacional como havia sido anunciado, revelou há dias o Governo zimbabweano.
“A família do falecido Robert Gabriel Mugabe expressou o desejo em avançar com o enterro em Zvimba, província de Mashonaland Ocidental. Em linha com a política do Governo em respeitar os desejos das famílias dos heróis nacionais, o Governo está a cooperar com a família Mugabe”, referia o comunicado, divulgado então, pelo Ministério da Informação.