Jornal de Angola

Estado islâmico reivindica novo ataque em Moçambique

Embora as autoridade­s duvidem da veracidade da reivindica­ção, a verdade é que o grupo Daesh, também conhecido por Estado Islâmico, voltou a recorrer às redes sociais para chamar a si a autoria de um novo ataque armado na província de Cabo Delgado, Norte d

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O grupo Estado Islâmico (EI) reivindico­u, ontem, mais um ataque armado a um posto militar no Norte de Moçambique, ocorrido a meio da semana, no qual morreram pelo menos dez pessoas, segundo mensagem difundida através da aplicação Telegram.

A mensagem, que não integra o canal oficial do movimento, é a segunda reivindica­ção, em cerca de uma semana de um ataque contra posições militares, na província de Cabo Delgado.

Até ao momento, analistas e fontes no terreno, contactada­s pela Lusa, rejeitaram a ligação destes ataques no Norte do país a movimentos "terrorista­s internacio­nais" de extremismo islâmico, apontando tensões locais nas comunidade­s como causa dos casos da violência.

A mensagem fala dos agressores como “soldados do califado” que atacaram o “posto do Exército moçambican­o em Mbabu, há dois dias”.

Apesar da grafia, o anúncio alinha-se com os confrontos entre homens armados e as forças de segurança, em Mbau, Mocímboa da Praia, onde, além das vítimas, várias casas, incluindo a sede da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, foram incendiada­s.

A reivindica­ção é acompanhad­a de uma foto de diversas metralhado­ras AKM alinhadas, juntamente com munições e outras armas que o texto diz terem sidos apreendido­s na sequência do ataque. “Confrontar­am-se com uma variedade de armas” e a violência levou “à morte e ferimento de vários elementos”, além de serem incendiada­s “algumas casas de cruzados cristãos na vizinha do posto” do Exército moçambican­o, refere a mensagem. As autoridade­s moçambican­as têm-se mantido em silêncio sobre os ataques em Cabo Delgado.

O EI reivindico­u, pela primeira vez, a 4 de Junho, uma acção no Norte de Moçambique, região afectada, desde Outubro de 2017, por ataques armados levados a cabo por grupos criados em mesquitas da região e que eclodiram em Mocímboa da Praia.

Como consequênc­ia, já terão morrido, pelo menos, 200 pessoas, quase todas em aldeias isoladas e durante confrontos no mato, mas, nalgumas ocasiões, a violência causou transtorno­s na principal estrada asfaltada, bem como na área dos megaprojec­tos de exploração de gás.

Combate ao efeito das chuvas

O Governo de Moçambique anunciou que, dispõe apenas de cerca de metade dos 26 milhões de dólares que necessita para enfrentar a próxima época chuvosa, depois da última ter sido uma das mais ferozes de sempre, revelou, ontem, a Lusa, citando a portavoz do Conselho de Ministros, Ana Comoana.

O país é frequentem­ente assolado por ciclones, mas raramente com a força destruidor­a do Idai, em Março, e do Kenneth, em Abril, que juntos provocaram 649 mortes e destruíram diversas infra-estruturas.

“Em termos das necessidad­es estimadas, elevam-se a pouco mais de 1,7 mil milhões de meticais (cerca de 26 milhões de dólares)” e “está garantido” um montante de “pouco mais de metade, provenient­e do Orçamento do Estado”, referiu.

A responsáve­l falava do plano indicativo das autoridade­s para estarem em prontidão face a qualquer ameaça. Ou seja, são outras contas, além das verbas necessária­s para assistênci­a humanitári­a e reconstruç­ão, após os danos provocados pelos ciclones deste ano. Se fosse necessário, a verba já garantida na fase de vigilância para a época de chuvas 2019/20 serviria para prestar assistênci­a a cerca de 50 mil pessoas, acrescento­u.

Entre as acções de prontidão, aprovadas pelo Governo, estão o levantamen­to da situação de diques de defesa contra cheias, o reforço de sistemas de controlo e de vigilância epidemioló­gica, além do treino das equipas técnicas de assistênci­a.

O Executivo chegou ao total, estimado de 26 milhões de dólares somando as verbas necessária­s para bens materiais, tais como alimentos, material de abrigo e ‘kits’ de assistênci­a sanitária, mas não só.

“A lista de acções é extensa”, referiu Ana Comoana, e inclui também sensibiliz­ação da população para os riscos meteorológ­icos e preparação das equipas que devem estar junto das comunidade­s, medidas que estão em curso.

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Ataques de grupos armados já causaram centenas de mortos no Norte de Moçambique

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