O ensino, o debate e o conhecimento
A educação é um sector em relação ao qual fazem-se considerações de diversa natureza, derivadas do actual estado do nosso ensino, que, na opinião de muitos, ainda não vai ao encontro do que os cidadãos esperam dessa importante área da nossa vida nacional. É positivo que os cidadãos, instituições públicas e privadas e especialistas se debrucem sobre o nosso ensino, para que os governantes possam colher subsídios que lhes permitam conhecer melhor a nossa realidade, relativamente ao processo de aprendizagem e de transmissão de conhecimentos. O debate gera diversidade de ideias e esta pode ajudar-nos a encontrar os melhores caminhos para termos a médio prazo um ensino de elevada qualidade. Temos de saber, em primeiro lugar, o que é necessário fazer já para que tenhamos bons professores em todos os níveis do nosso ensino. É inquestionável que há professores que vão para o ensino sem terem competências necessárias para transmitir conhecimentos aos alunos, situação agravada pelo facto de haver docentes sem vocação para o exercício da profissão. O ensino em Angola tem de merecer uma abordagem aprofundada, para que se possam fazer reformas que venham efectivamente a resolver os problemas do sector. Que não haja receio de se mexer com interesses de pessoas que andam mais preocupadas com o lucro que o ensino lhes proporciona do que com a formação de bons quadros. Não se pode ver o ensino na lógica de um negócio igual ao de um supermercado, como uma vez afirmou um prestigiado sociólogo angolano, que criticava a falta de rigor na forma como se permitia a abertura de instituições de ensino superior. É preciso avançar em direcção à aplicação do que é correcto, para termos um ensino que venha realmente a servir o desenvolvimento. Não devemos deixar que as coisas más continuem a acontecer, em prejuízo de uma sociedade que quer construir o progresso. O progresso constrói-se com conhecimento, e este é transmitido nas escolas. Vivemos na era do conhecimento e faz sentido que os poderes públicos se preocupem com a qualidade do nosso ensino. Mas é preciso que haja acções concretas para corrigir o que está mal no nosso sistema de ensino. Já tivemos no país, depois da independência, boas escolas do ensino médio e superior. O Instituto Médio Makarenko era, por exemplo, um dos nossos melhores estabelecimentos de ensino, em termos de qualidade. Diz-se que os estudantes que terminavam o curso médio no Makarenko não tinham grandes dificuldades em fazer a formação superior. Houve até alunos que, formados no Makarenko e que foram fazer cursos superiores no exterior, suscitavam a admiração dos professores, pelos seus sólidos conhecimentos adquiridos em Angola. Que haja pessoas dispostas a trabalhar (e essas pessoas existem) para que o nosso ensino volte a ter qualidade, da base ao ensino superior.