O nosso interior
Vivo no Dondo, viajo por essa região norte do país e reservei hoje algum tempo para escrever estas linhas para o Jornal de Angola, o diário do qual sou leitor assíduo. Há dias, vim de Ndalatando para Luanda e pude ver não apenas o estado razoável das estradas, mas igualmente algo que preocupa a qualquer um que queira fazer-se pelas estradas pelo interior. Trata-se da reduzida presença de sinalização, placas que identificam localidades, quilometragem e outros motivos ligados à circulação automóvel. Muito já se disse sobre a falta de sinalização, sobretudo horizontal, na via, e não duvido que isso seja um problema geral, embora noutras partes não exista necessariamente essa realidade. Há alguma placa, é verdade, mas julgo que são poucas e, ao longo da viagem pela primeira vez, a sensação imediata é de falta de informação sobre a localização exacta. Por pouco, confundia a continuação da estrada no sentido para Luanda com a estrada para o Golungo, embora as placas no sentido oposto indicassem claramente as direcções para Ndalatando, Dondo e Malanje. Acho que se trata de um problema sério na medida em que, em muitas localidades, o sinal das operadores de telefonia móvel é inexistente e em caso de necessidade de comunicação, por qualquer eventualidade, a pessoa nem sabe precisar onde se encontra exactamente por escassez de placas de identificação. Espero que as autoridades ligadas à viação e trânsito tenham em linha de conta estas e outras preocupações porque, contrariamente à ideia de quem viaja pelas nossas estradas é quem já conheça, muitos pretendem conhecer pela primeira vez as estradas da paz e reconciliação. Se, em tempos de guerra, muitos defendiam que tão logo houvesse paz e com as estradas reabilitadas seria tempo de conhecer o país, não vejo porque é que essas empreitadas não possam ser maximizadas agora. Coloquem placas em tudo quanto seja canto aqui de Luanda, por favor meus senhores. FRANCISCO VIANA Dondo