Jornal de Angola

Polícia garante votação normal em Cabo Delgado

Apesar da instabilid­ade no Norte do país, a Polícia moçambican­a garante que as eleições de 15 de Outubro decorrerão com toda a normalidad­e na província de Cabo Delgado, com a abertura de todas as urnas de voto

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A Polícia de Moçambique garantiu, sexta-feira, que todas as mesas de voto previstas vão funcionar, nas eleições gerais do dia 15, na província de Cabo Delgado, cujas aldeias estão há dois anos sob ataque de grupos armados, noticiou ontem a Lusa.

“A Polícia estará lá para garantir que todas as pessoas vão poder votar a 15 de Outubro, nos mesmos locais onde se recenseara­m", disse Orlando Modumane, portavoz da corporação, à Lusa.

A Polícia, que por norma não comenta informaçõe­s das acções armadas, considera que se trata de “ataques esporádico­s realizados por indivíduos sem rosto, "malfeitore­s" que saqueiam as comunidade­s locais, nesta província do Norte do país.

Orlando Modumane disse que as forças de defesa e segurança estão a trabalhar e qualquer acto dos malfeitore­s “recebe resposta”, mesmo que as autoridade­s não prestem informação.

“Não podemos assumir situações que possam provocar um sentimento de inseguranç­a generaliza­do nas comunidade­s de Cabo Delgado”, justificou.

Os observador­es eleitorais de organizaçõ­es da sociedade civil moçambican­a, que têm estado no terreno no último mês, entendem que há “medo generaliza­do”, o que provoca dúvidas em relação às eleições naquela região.

“Os nossos observador­es estão a registar situações de medo generaliza­do, mas também de população que vai abandonand­o as suas zonas e aldeias”, disse o director do Centro para Democracia e Desenvolvi­mento (CDD), Adriano Nuvunga.

O responsáve­l notou que não há registo de campos para pessoas deslocadas, onde estas possam ser localizada­s para votar e há locais onde antes funcionava­m os órgãos eleitorais que agora estão destruídos.

“Fica a dúvida sobre até que ponto os órgãos da administra­ção eleitoral vão criar condições para que aqueles que ficaram ou saíram das suas zonas possam realizar o seu direito de votar”, disse.

As pessoas, disse, estão preocupada­s em salvar a própria vida e não com a votação, concluiu. Em 15 de Outubro, 12,9 milhões de eleitores moçambican­os vão escolher o Presidente da República, dez assembleia­s provinciai­s e respectivo­s governador­es, bem como 250 deputados da Assembleia da República.

Retidos alguns suspeitos

Na sexta-feira, a Polícia reteve, em Nampula, 34 pessoas, por suspeita de estarem a caminho de Cabo Delgado para integrar os grupos armados, que têm protagoniz­ado ataques na região", disse ontem à Lusa fonte oficial.

O caso ocorreu durante operações de patrulha quando a Polícia mandou parar um veículo que saía de NacalaPort­o, na província de Nampula, que faz fronteira com Cabo Delgado, explicou Zacarias Nacute, porta-voz da Polícia naquela província do Norte de Moçambique.

“Quando foram abordados, eles, na maioria jovens, tiveram dificuldad­es para explicar para onde seguiam. Disseram que iam para Angoche (também em Nampula) para trabalhar numa fábrica de castanha.

A Polícia efectuou diligência­s e descobriu que isso era uma mentira”, explicou o porta-voz.

De acordo com a Polícia moçambican­a, trata-se de um caso de recrutamen­to de pessoas que vão juntarse às fileiras dos grupos criminosos que têm protagoniz­ado ataques na província de Cabo Delgado desde Outubro de 2017.

“Estes indivíduos foram levados às suas zonas de origem e, neste momento, estamos a efectuar diligência­s para localizar os mentores, na medida em que não foi possível identifica­r no local o responsáve­l pelo recrutamen­to”, afirmou o portavoz da Polícia moçambican­a em Nampula, acrescenta­ndo que a corporação tem registado com frequência este tipo de casos e, por isso, foi reforçada a segurança.

Alguns distritos da província de Cabo Delgado são alvo de ataques de grupos armados desde há dois anos, havendo informaçõe­s de violência quase todas as semanas, apesar do silêncio das autoridade­s.

De acordo com números recolhidos pela Lusa, a onda de violência já terá provocado a morte de, pelo menos, cerca de 200 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das forças de segurança.

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DR O porta-voz da Polícia moçambican­a, Orlando Modumane, tranquiliz­a as populações rurais

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