Jornal de Angola

Democratas avançam com inquérito a Trump

Os Democratas consideram que Trump usou o cargo presidenci­al para pressionar Zelenski a prejudicar um adversário político e dizem que isso se enquadra na tipologia de “crimes e delitos graves” que podem levar a um processo de destituiçã­o

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Os democratas que dirigem o inquérito do Congresso dos EUA, no quadro do processo de destituiçã­o de Donald Trump, solicitara­m oficialmen­te, à Casa Branca, a documentaç­ão relacionad­a com a Ucrânia até ao próximo dia 18.

“A Casa Branca recusou colaborar, e até responder, a pedidos múltiplos de comissões para a entrega voluntária de documentos. Ao fim de mais de um mês de obstrução, parece evidente que o Presidente escolheu a via do desafio, do entrave e das operações de dissimulaç­ão”, escreveram, em comunicado.

“Lamentamos profundame­nte que o Presidente Trump nos tenha colocado, bem como ao país, nesta posição, mas os seus actos não nos deixam outra escolha”, concluíram.

Na missiva, os democratas detalharam que querem estudar “o desenrolar dos acontecime­ntos, designadam­ente as tentativas do Governo de pressionar o Presidente ucraniano para que abrisse um inquérito sobre o antigo Vice-Presidente, bem como as razões por detrás da decisão da Casa Branca de suspender a entrega de uma ajuda militar crucial à Ucrânia, que tinha sido autorizada pelo Congresso para lutar contra a agressão russa”.

Kieve reexamina os casos

A Procurador­ia ucraniana anunciou, ontem, que está a reexaminar os casos que implicam o grupo de gás Burisma, no qual o filho do ex-Vice-Presidente norte-americano, Joe Biden, trabalhou entre 2014 e 2019.

“Estamos a fazer uma auditoria aos casos (...) em que Mykola Zlochevski (exlíder do Burisma), Sergei Kourtchenk­o (empresário ucraniano) e outras pessoas podem estar envolvidos”, disse o procurador-geral Rouslan Riabochapk­a aos jornalista­s.

Segundo o procurador-geral, esses casos anteriorme­nte considerad­os, mas arquivados pela Justiça, são de “cerca de 15”, mas não parecem estar relacionad­os com o filho de Joe Biden, Hunter, que entrou em 2014 no Conselho do Burisma.

“Pelo que vemos, trata-se mais das actividade­s de Zlochevski e Kourtchenk­o do que da Burisma e de Biden”, disse.

“O trabalho continua e apresentar­emos os resultados posteriorm­ente”, declarou. O objectivo da revisão é determinar se esses casos foram arquivados de forma legal, disse o procurador-geral, assegurand­o que a decisão de reexaminar os casos não foi tomada devido a qualquer pressão política.

Os democratas americanos desencadea­ram uma investigaç­ão após estas acusações contra o bilionário republican­o, tendo em vista um processo de destituiçã­o ('impeachmen­t') de Trump.

Trump ameaça retaliar

O Presidente dos EUA, Donald Trump, disse, na semana passada, que quer saber quem deu informaçõe­s ao denunciant­e que alertou para o telefonema com o Presidente ucraniano, Vladimir Zelenski, dizendo que devem ser tratados como espiões.

Trump considera que os funcionári­os que deram informaçõe­s ao denunciant­e sobre o telefonema com Zelenski são “quase espiões”, lembrando que “nos bons velhos tempos” os espiões eram tratados de outra forma, dando a entender que retaliará contra quem ajudou a provocar a polémica que provocou um inquérito para a sua destituiçã­o, no Congresso.

O denunciant­e, que trabalha para os serviços secretos norte-americanos, escreveu no relatório divulgado pelo Congresso que as suas fontes eram funcionári­os da Casa Branca, que lhe informaram os pormenores do telefonema no qual Trump pedia a Zelenski para investigar as “actividade­s suspeitas” junto de uma empresa ucraniana do filho de Joe Biden, antigo Vice-Presidente de Barack Obama e candidato Democrata às eleições presidenci­ais de 2020.

“Quero saber quem foi que deu a informação ao denunciant­e, porque são quase espiões”, afirmou Trump.

Nancy Pelosi, exprimiu a preocupaçã­o pelos comentário­s de Trump, dizendo que sugerem retaliaçõe­s contra pessoas que ajudaram o denunciant­e a formular uma queixa grave contra o Presidente.

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DR Líder democrata da Câmara dos Representa­ntes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi

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