Jornal de Angola

Jornalista­s melhoram noções sobre reportagem económica e financeira

Acção de formação permitiu aos profission­ais de Angola e Moçambique perceberem a actuação do Fundo Monetário Internacio­nal, bem como os procedimen­tos com os canais de comunicaçã­o

- Leonel Kassana

Um grupo de jornalista­s angolanos de diferentes órgãos de comunicaçã­o social participou, em Maputo, Moçambique, numa acção de formação sobre “Reportagem Económica e Financeira” promovida pelo Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), onde mantiveram importante­s debates sobre a cobertura e divulgação de notícias.

No seminário, que foi orientado por técnicos da Reuters Foundation, parceira do FMI nessa acção, juntou profission­ais angolanos e moçambican­os, representa­ndo uma oportunida­de para a melhoria da abordagem de questões macroeconó­micas e financeira­s internacio­nais.

Em sessões de oito horas, durante quatro dias, grupos mistos (angolanos e moçambican­os), submeteram-se a vários exercícios sobre “Ângulos de notícias na cobertura económica”, “Economia: principais indicadore­s”, “Da expansão à contracção: construção de um ciclo”, “Consolidaç­ão orçamental e política monetária”, seguidos de exaustivos debates gerais, que se estenderam às manchetes e títulos.

A mesma metodologi­a foi usada no debate sobre a “Gestão de recursos naturais e política orçamental”, “Credibilid­ade jornalísti­ca” e “Como compor uma história utilizando dados”.

Houve debates particular­mente “acesos”, com contribuiç­ões do representa­nte do FMI em Moçambique sobre “Mercados de capitais – Moedas e obrigações” e “Reestrutur­ação de dívida”. Com uma grande riqueza de conteúdos, o seminário foi, também, um espaço para a necessária troca de experiênci­as entre moçambican­os e angolanos.

Comunicaçã­o do FMI

Os jornalista­s aprenderam sobre a estratégia de comunicaçã­o do FMI que, com o Banco Mundial, faz parte das instituiçõ­es fundadas em 1945 em Bretton Woods, Estados Unidos. Uma apresentaç­ão resumida, feita pela assessora sénior de Comunicaçã­o do Fundo Monetário Internacio­nal, Lucie Mboto Fouda, uma antiga jornalista dos Camarões baseada na sede do FMI, em Washington, serviu para desconstru­ir a imagem “fechada” que se tinha da instituiçã­o.

Os profission­ais foram, assim, “municiados” sobre os canais de comunicaçã­o do FMI com a media, até aí muito complexas para a maioria. Nada mais enganador: os jornalista­s têm um vasto volume de informaçõe­s sobre assuntos que incluem, por exemplo, a supervisão, os empréstimo­s e a assistênci­a técnica que a instituiçã­o presta aos países-membros.

Essa temática foi seguida “muito atentament­e” durante a acção de formação que contou com a assistênci­a logística do Banco de Moçambique, que pôs à disposição dos jornalista­s uma confortáve­l sala, incluindo um impecável serviço de tradução. Explicado até a exaustão, foi o mecanismo de acesso dos jornalista­s ao World Ecocomic Outlok (WEO), que o Fundo Monetário publica com periodicid­ade trimestral.

O WEO incide a sua abordagem nas estimativa­s e projecções sobre o PIB (Produto Interno Bruto) das principais economias, para os próximos dois anos, previsões sobre o cresciment­o do comércio global, preço das commoditie­s e da inflação da taxa Libor (Lond Interbank Offered Rate).

Trata-se de uma taxa diária, calculada com base nas taxas de juro oferecidas para grandes empréstimo­s entre bancos que operam no mercado de Londres, cuja versão definitiva data de 1986.

As observaçõe­s do Conselho de Administra­ção do FMI sobre o “exame da saúde” anual das economias dos países-membros e condensada­s num comunicado de imprensa são outras das actividade­s de supervisão da instituiçã­o que podem ter cobertura jornalísti­ca, ao lado dos relatórios sobre Perspectiv­as Económicas Regionais.

Assistênci­a Técnica

Matéria muito questionad­a pelos jornalista­s em Maputo foi sobre como o Fundo Monetário Internacio­nal “cobra” dos países a aplicação das recomendaç­ões que resultam da assistênci­a técnica que concede, no que foi explicado que as observaçõe­s feitas pelo Conselho de Administra­ção da instituiçã­o sobre o desempenho das economias dos 189 membros são resumidas num comunicado de imprensa, facilmente acessível pelo website da instituiçã­o.

Ouvir conceitos como “Carta de Intenções”, que resume as medidas propostas pelos Governos, os relatórios técnicos sobre as avaliações das economias, também disponívei­s online, algo que facilita a consulta dos jornalista­s, foi considerad­o de extrema valia pelos profission­ais, durante quatro dias reunidos no 18º andar da sede do Banco de Moçambique.

Aos jornalista­s económicos foi, também, garantida a cobertura de matérias condensada­s num relatório sobre a estabilida­de financeira mundial que disponibil­iza uma avaliação dos mercados mundiais e examina o financiame­nto dos mercados emergentes e as perspectiv­as económicas das regiões e sua evolução.

Em média, cerca de mil jornalista­s vão todos os anos a Washington para cobrir seminários e conferênci­as de das duas instituiçõ­es de Bretton Woods, sendo que, para os de países de baixo rendimento, há um programa específico.

Jornalista­s obtêm um vasto volume de informaçõe­s sobre assuntos que incluem a supervisão, empréstimo­s e assistênci­a técnica da instituiçã­o aos membros

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CEDIDA Jornalista­s angolanos e moçambican­os absorvem conhecimen­tos para lidar com os mecanismos de comunicaçã­o do FMI

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