Centro de hidrocefalia realiza cirurgia grátis
Mais de 50 crianças com hidrocefalia poderão ser operadas, gratuitamente, a partir da próxima semana até Dezembro próximo, no Centro Neurocirúrgico e de Tratamento da Hidrocefalia do Kifica, município de Belas, em Luanda, com apoio do “Programa BFA Solidário”.
O programa lançado ontem, em Luanda, disponibilizou ao Centro Neurocirúrgico 20 milhões de kwanzas, com o propósito de melhorar as condições de saúde das crianças desfavorecidas que padecem da doença.
Além de outros ganhos, o programa contempla intervenções cirúrgicas de acordo com uma avaliação médica prévia a ser realizada e ajudar na compra de equipamentos no exterior do país.
Da agenda do programa, a província do Moxico, com 15 casos já sinalizados, será a primeira a receber o projecto, seguida do Namibe com três.
Com duração de três meses, com o programa pretendese melhorar a qualidade da saúde mater no-infatil, aliviar a pressão sócio-financeira sobre as famílias, promover a estabilidade social e reduzir o índice de pobreza a nível do país.
O Centro Neurocirúrgico e de Tratamento da Hidrocefalia do Kifica, o maior do país, já realizou mais de 500 cirurgias e 99 por cento dos casos são tratados na instituição. Calcula-se que anualmente entre cinco e 10 mil crianças apresentam esta patologia.
Além do BFA Solidário, a instituição bancária tem desenvolvido outros projectos de responsabilidade social, nomeadamente o de Nutrição Infantil, Projecto de Capacitação para Professores Primários na Província de Luanda (CAPRI) e o Projecto + Saúde Huambo, que este ano será contemplado com a instalação de um laboratório no Hospital Pediátrico.
A administradora do BFA, Manuela Moreira, disse que a instituição decidiu apoiar este centro por ter apresentado um dos melhores projectos, atendendo que, inicialmente, estavam inscritas mais de cem instituições.
A responsável disse esperar que o apoio ao Centro Neurocirúrgico e de Tratamento da Hidrocefalia seja contínuo, à semelhança de outros projectos.
De acordo com o directorgeral do Centro Neurocirúrgico e de Tratamento da Hidrocefalia do Kifica, Mayanda Inocente, a unidade sanitária tem já 47 crianças cadastradas para serem operadas.
Mayanda Inocente acredita que, com o lançamento deste projecto, mais crianças podem aparecer e há receio que este número ultrapasse a capacidade de resposta. Agostinho Tchicanha nasceu e cresceu no Kikolo, município de Cacuaco, filho de Luciano Domingos e de Francisca Domingas, naturais do Huambo.
“Sou de família humilde e superbatalhadora, o meu pai trabalha como motorista e a minha mãe é doméstica”, apresenta-se Agostinho Tchicanha.
Agostinho Tchicanha, de família católica, fez o ensino primário e o primeiro ciclo na Escola Católica João Paulo II.
Durante a sua infância, Agostinho Tchicanha passou muitas dificuldades que se estenderam aos estudos, por a família possuir escassos meios de sustento. Ainda muito jovem, Agostinho Tchicanha sentiu necessidade de ajudar o pai, ele o segundo de nove irmãos, preocupado desde cedo com o bem-estar familiar.
Perseguindo oportunidades, Agostinho Tchicanha fez amizade com o professor de inglês Manuel Brás, na sétima classe, e desenvolveu com ele um relacionamento que lhe permitiu descobrir que o professor também era cozinheiro.
Agostinho Tchicanha começa então a ajudar o professor-cozinheiro nos serviços de casamento, pedidos e aniversários, aprende, esforça-se em ser excelente na qualidade, e consegue ganhar algum dinheiro para ajudar a família.
Sem nunca deixar de trabalhar, Agostinho Tchicanha ingressa no ensino médio na Escola de Formação de Professores Garcia Neto, na Maianga, em 2009.
Agostinho Tchicanha estudava de tarde, saía todos os dias de S. Paulo até à Maianga a pé para chegar à escola e de regresso saía da Maianga até ao Porto de Luanda para apanhar o autocarro para Cacuaco, sem dinheiro para o candongueiro, descia na Cimangola e depois percorria a pé uma longa distância para casa. Muitas vezes, durante esses quatro anos, saía do Instituto Garcia Neto até ao Kikolo a pé, por não ter dinheiro para o transporte.
Mas, Agostinho Tchicanha não desistia de trabalhar com o professor-cozinheiro nem de estudar.
Agostinho Tchicanha terminou o ensino médio em