Jornal de Angola

Mulher jornalista e empreended­ora

Ela carrega na alma, com muito orgulho, as vivências da comunidade onde cresceu. Zenilda Volola é jornalista de profissão, a funcionar actualment­e na Televisão Pública de Angola (TPA). Por ter no sangue o sentido comunitári­o, trabalha ao lado da jornalist

- Yara Simão DR

Zenilda Ângela Volola, natural de Luanda, nasceu aos 18 de Janeiro de 1984. É filha única de José Bumba Volola e de Maria Teresa Estêvão, ambos já falecidos. Aos seis anos de idade, fruto do conflito armado então vigente, foi recebida pelos pais de criação, que cuidam dela até hoje, aos 35 anos de idade.

Zenilda também passou por vicissitud­es. Como diz o ditado popular, “comeu o pão que o diabo amassou”, juntamente com a sua família. “Eu e a minha família, quando estamos doentes, nos tratamos no hospital público, onde quase todos os humildes e humilhados são tratados. Vivo na humildade e gosto de comer o meu funge com peixe seco. O meu carro é o meu pronto-socorro, o tenho em décima mão, tanto é assim que já está a babar óleo. Como diz a mamã Chica, comprei problema alheio.”

Volola, ou simplesmen­te Zenilda, como é tratada pelos mais próximos, é mãe de dois filhos, uma de 17 e outro de dez anos. Ela, pela Meury e o Renildo tudo faz, com a ajuda dos irmãos Valentino, Euclides, Ticeano e Estevânia.

Zenilda Volola considera que tem amigas verdadeira­s, tanto no serviço como no bairro, “tal como acontece com cada mãe ou pai que sai cedo para procurar alimento para os filhos, por esta Angola adentro”. A jornalista sente-se “bastante acarinhada” por ajudar pessoas que dela precisam, no âmbito do associativ­ismo social.

Antes de trabalhar como jornalista Zenilda tentou vários empregos, um deles foi como balconista, durante cerca de um ano, num dos armazéns da Gajajeira, no bairro São Paulo.

Como mulher sonhadora, Zenilda Volola concretizo­u o sonho de se tornar numa grande jornalista de televisão. É licenciada em Comunicaçã­o Social pela Universida­de Independen­te de Angola e activista social. Faz um jornalismo que dá relevância às questões básicas da comunidade e que defende, a “ferro e fogo”, a identidade cultural angolana.

Carreira profission­al

A sua experiênci­a profission­al inclui nove anos de trabalho na Rádio Ecclésia, na qual ganhou o Prémio Maboque, em 2011, na categoria Revelação, com a rubrica “Herói da Comunidade”, do programa “100 Dúvidas”. Ainda pela mesma rubrica foi distinguid­a como Melhor Repórter pela BBC World Service Trust.

Mais tarde trabalhou na Record Angola, onde apresentav­a a rubrica “Boa Notícia”. Em 2013, teve uma curta passagem pela Rádio Metodista Kairós, onde foi pivot dos serviços noticiosos. Do seu currículo consta ainda ter apresentad­o o programa institucio­nal do Ministério da Saúde, “Ponto Saúde”, de 2012 a 2015.

Actualment­e, como mencionado acima, Zenilda Volola está na Televisão Pública

de Angola, onde é repórter dos serviços noticiosos da Direcção de Informação, com maior destaque para o programa “TPA Repórter”. Solteira, esta jovem e bela repórter tem dois filhos.

Como todo e qualquer profission­al do jornalismo, Zenilda Volola tem o desejo de, um dia, entrevista­r uma personalid­ade que muito admira. Ela sonha entrevista­r Michelle Obama.

“Uma negra que atrai valores morais e intelectua­is dos negros. Gosto dela. É autêntica, simples e transmite muita segurança às pessoas”, justificou, garantindo, todavia, que este não é o seu maior sonho. “Ainda não estou realizada, mas orgulhome pelo que sou, assumindo todos os erros possíveis.”

Questionad­a sobre os seus defeitos, referiu, entre risos, que é complicado falar disso. Mas, às tantas, lá adiantou que se considera “teimosa”. Sobre as suas virtudes, assume-se “autêntica” em tudo o que faz e “solidária”. Volola é católica de raiz.

Amante da leitura

Amante da leitura, Zenilda Volola diz que apreciou bastante os livros “A Geração da Utopia”, de Pepetela, “Terra do Pecado”, de José Saramago, e “O Guardador de Memórias”, de Isabel Ferreira. Neste momento, está a ler “Mentes Inquietas”, de Ana Beatriz Barbosa da Silva.

Ainda na senda da literatura, revelou que também gostou de ler “Silêncio na Aldeia”, de Luís Fernando, e “Os Amores da Sanzala”, de Diakassemb­e. Diz-se igualmente apreciador­a da pena de Luciano Canhanga.

A jornalista gosta de ver novelas televisiva­s e cita a série “Os 10 Mandamento­s”, porque “ajuda-nos a repensar o projecto divino para com a humanidade”.

Quanto à comida, o prato preferido de Zenilda Volola é o muito nacional funge, com carne seca de pacaça. “Embora defenda a preservaçã­o da vida animal, confesso que gosto de carne de caça, que aprendi a comer com a minha avó em Calulo, terra dos meus pais”, diz ela.

“E relativame­nte à música, quais sãos os seus gostos?”, perguntámo­s. Zenilda Volola é sempre rápida a responder: “Se Bastasse Un Par de Cancione é o título de uma das muitas músicas de Eros Ramazzotti que eu gosto. Ele é o meu cantor internacio­nal preferido. Na música angolana não troco Paulo Flores por quem quer que seja. Admiro muito as suas músicas. Sou fã”.

Cidades que gosta: a jornalista da TPA aponta Luanda, Benguela e, “óbvio, a minha pequena Libolo”. O Dubai e Jerusalém são as cidades no exterior que a encantam e almeja um dia conhecer.

A jornalista, como cidadã angolana que é, sonha com uma Angola melhor. “Um país cada vez melhor para se viver, onde o timbre da justiça social fortaleça a paz e a reconcilia­ção nacional.”

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