Anna Joyce e Konde em perfeita sintonia
Ousadia e aposta, assim muitos consideraram a escolha da dupla Figueira Ginga e Chalana Dantas, respectivamente director executivo e director artístico da produtora Zona Jovem, que apostaram em Anna Joyce e Konde Martins para o show inicial da III Temporada dos Duetos N’Avenida, que aconteceu no dia 27 de Setembro na Casa 70. Duas vozes que navegam em ondas musicais diferentes, mas que mostraram que não ficaram intimidadas pelo desafio
Diferente da dupla que encerrou a II Temporada, esta aproveitou ao máximo o tempo de ensaios e o resultado ficou patente, transformando o cepticismo em confiança. Em palco tudo começou com um recuo de quase década e meia, o primeiro sucesso de , “Cantei”, foi o tema de abertura, com Anna Joyce no arranque. Curioso que, para o encerramento, também foi escolhido um sucesso marcante, “Destino”.
O concerto teve o suporte da Banda Muzangola. Depois de “Cantei” seguiram-se “Pintada de ouro”, “Também quero”, “Se olhasses” e “Final”, tendo ainda sido revisitado “Mãe velha”, um clássico do cancioneiro dos Palop, adaptado de um poema de Amílcar Cabral, que surgiu com arranjos latinos.
Anna Joyce cantou e encantou, transformando a kizomba “Kátia” numa "levada" com retoques da Soul e R&B. Nesse momento deixou bem patente que não estava para brincadeiras e nem era aldrabona como a Kátia do encontro casual descrito na música. Konde também fez bonito num tema de Anna Joyce e, contrariando o título “Já não combina”, provou que no concerto tudo foi preparado para uma quase perfeita combinação.
Tributo a Chiley
O momento da homenagem foi dedicado à obra de Chiley, artista do Cuanza-Sul, que no passado brindou o nosso cenário com o seu brilhantismo como guitarrista e compositor. Sem disco publicado, Chiley trabalhou com grandes nomes da música. Actualmente fora do horizonte do grande público, faz parte de pequenas formações em Luanda e na sua terra natal. Chiley esteve ausente, mas a sua obra foi cantada. Konde cantou a balada “Cortiço”, a narrativa da mulher que de dia era senhora e de noite fulana. Konde chegou a esquecer trechos desta composição, que não é de fácil memorização. Anna Joyce ficou com “Triste história” e começou por tropeçar no arranque, mas não perdeu a seriedade, voltou à carga e pegou na história do homem que namorou com a filha de um ricaço e teve muitos dissabores, até ao casamento.
Para a recta final ainda estavam reservados temas como “Engano”, “Vai doer”, “Louca”, “Morena”, “Melhor que tu”, “DJ” ,“Juju” e “Negra”. Mesmo já no fecho, “Destino” teve direito a bis.
Com a pressão em Anna Joyce, nesta parceria, ela conseguiu provar que tem potencial para outros desafios musicais e acabou por conquistar um público fora do circuito juvenil.
Ana Joyce em ascensão
Ana Joyce Veloso de Castro, dona de sucessos como “Curtição”, “Não vales nada”, “Se olhasses para mim” e “Destino”, dentre outros, tem no mercado o single “Diário de uma mulher”, de 2015. Dois anos depois lançou o álbum “Reflexo”.
Começou a cantar nos coros da Igreja Matriz de Odivelas, em Lisboa. Depois de estar a trabalhar com a Killa Records, conheceu o músico e produtor cabo-verdiano Johnny Ramos, viajando então para a Holanda, onde grava “Não vales nada” para o disco do DJ Kapiro. Em 2012 esteve presente na colectânea da Milionário Records, com a música “Se olhasses para mim”. Ela não passou despercebida no Top Rádio Luanda de 2013, onde esteve entre as nomeadas como Voz Revelação. Mas o encontro e apadrinhamento musical de Anselmo Ralph ditou a sua projecção com o tema “Curtição (a resposta)”. Depois disto transformou-se numa das vozes femininas mais apreciadas pelo público jovem.
O “próprio” Konde
Kondua Abreu Dias Martins, o Konde, como muitos da sua geração, passou pelo Estrelas ao Palco da LAC e fez um percurso pela música de bares. Como a sua companheira de dueto, em 2008 esteve entre os finalistas do Top dos Mais Queridos. Estreou-se com o álbum “Sina” e tem ainda “Minhas mágoas”, “Kianda Luanda”, “Te amo e não nego” e “Dança comigo”. Konde Martins teve como seu primeiro sucesso “Cantei”, na altura despontando como trovador. Outros sucessos seus são “Kátia”, “Morena”, “Negra”, “Nesse som”, “Juju” e outras kizombadas dignas de serem ouvidas e dançadas. Com a febre da Kizomba a nível internacional, e dado os seus sucessos nessa linha musical, ultimamente ele tem uma agenda neste circuito.
A Zona Jovem está pronto para levar o Projecto Duetos N'Avenida para outras províncias, mas, de momento, a sua preocupação é o regresso da dupla Calado Show e Gilmário Vemba, agendado para o dia 17 de Outubro, depois do sucesso que fizeram na segunda temporada em duas noites de espectáculo. A terceira proposta desta temporada é um show gospel, que acontece fora do recinto habitual, que é a Casa 70. Miguel Buíla e Bambila, dois dos mais representativos nomes da música evangélica angolana, foram os escolhidos para o evento que acontecerá no CCB - Centro de Convenções de Belas, no dia 2 de Novembro.
Malamba Camunga adianta que “o papel dos encarregados de educação não tem sido fácil. Alguns participam do desenvolvimento dos filhos, outros nem tanto, apesar da nossa insistência em convidá-los para as reuniões.” O maestro e educador frisa que outro bico de obra tem sido a preparação para os concertos, “por conta dos custos dos acessórios e da falta de apoios.”