Socialistas disponíveis a alargar “geringonça”
Com 36,6 por cento dos votos, o PS de António Costa vê legitimada a governação, mas com 106 deputados e fica obrigado a tentar nova solução de Governo à esquerda, que pode ser alargada ao PAN e ao Livre, que elegeu, pela primeira vez, uma deputada (Joacin
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou ontem, no Porto, que o Partido Socialista está “disponível” para uma renovação e alargamento da “geringonça” a outros partidos políticos.
Questionado pela Lusa sobre a vitória do Partido Socialista (PS) nas legislativas de domingo, Augusto Santos Silva, que concorreu pelo círculo eleitoral Fora da Europa, (os resultados dos círculos da emigração ainda não estão apurados) defendeu que “a mensagem do eleitorado” foi “clara”. “A mensagem do eleitorado é o reforço da posição do PS, tal como nós tínhamos dito, o país precisa de estabilidade e a estabilidade governativa precisa do reforço do Partido Socialista”, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros, à margem da sessão de abertura da primeira reunião do Conselho da Ortografia da Língua Portuguesa, que decorreu no Porto.
Santos Silva referiu que a mensagem do eleitorado foi também “clara” no sentido de dar “continuidade à actual fórmula política” e adiantou que, tal como o secretáriogeral do PS disse domingo, o “Partido Socialista está disponível para uma renovação e alargamento da geringonça”.
O PS venceu as eleições legislativas de domingo sem maioria absoluta e terá de tentar a repetição de uma solução de Governo à esquerda, numa eleição marcada pela derrota histórica da direita e pela entrada de três novos partidos no Parlamento.
Com 36,6 por cento dos votos, o PS de António Costa vê legitimada a governação, mas com 106 deputados quando falta apurar os resultados para eleger quatro mandatos no estrangeiro - fica obrigado a tentar nova solução de Governo à esquerda, que poderá ser alargada ao PAN e ao Livre, que elegeu pela primeira vez uma deputada (Joacine Katar Moreira) de origem guineense.
De acordo com uma nota publicada ontem no “site” da Presidência, o Presidente da República vai ouvir hoje os partidos com representação Parlamentar a começar pelo Livre, às 11h30, e terminando com o PS, às 20h00, tendo em vista a indigitação do Primeiro-Ministro.
Segundo a nota, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que existe “uma razão de urgência”, que é a realização de “um Conselho Europeu muito importante para discutir o “Brexit” antes do dia 31 de Outubro”, isto é na próxima semana.
“Conviria que o Primeiro Ministro indigitado ouvisse os partidos numa composição diferente do Parlamento, já deste acabado de eleger, sobre os temas europeus, antes da tomada de posição no Conselho Europeu”, considerou.
Na sequência das eleições legislativas de domingo, que os socialistas venceram sem maioria absoluta, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa convocou os dez partidos que elegeram deputados - PS, PSD, BE, PCP, CDS-PP, PAN, PEV, Chega, Iniciativa Liberal e Livre - para audições no Palácio de Belém por ordem crescente de representação parlamentar, “tendo em vista a indigitação do Primeiro-Ministro”.
O artigo 187.º da Constituição da República Portuguesa estabelece que “o Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais”.
“A mensagem do eleitorado é o reforço da posição do PS, tal como nós tínhamos dito, o país precisa de estabilidade e a estabilidade governativa precisa do reforço do Partido Socialista”