Vaticano pondera ordenar padres casados
O Papa Francisco pediu, ontem, aos bispos sul-americanos que falem com coragem durante a reunião sobre a Amazónia, onde a escassez de padres leva o Vaticano a equacionar ordenar homens casados e dar às mulheres novas funções. Os bispos estão reunidos com o objectivo de traçar novos caminhos para que a Igreja Ca tólica consiga ministrar melhor as comunidades indígenas e cuidar da floresta tropical.
Na mesa estão algumas propostas controversas, como a hipótese de os anciãos casados poderem ser ordenados sacerdotes, uma mudança potencialmente revolucionária na tradição da Igreja, dado que os padres católicos de rito romano fazem um voto de celibato.
A proposta tenta resolver o problema dos católicos indígenas que vivem em partes remotas da Amazónia, onde chegam a passar meses sem ver um padre ou receber os sacramentos, o que ameaça o futuro da Igreja e a missão secular de espalhar a fé na região.
Outra proposta apresentada tem a ver com a necessidade de os bispos católicos identificarem novos “ministérios oficiais” para as mulheres, embora a ordenação sacerdotal para elas esteja fora de questão.
O Papa Francisco abriu a reunião exaltando as culturas nativas e instando os bispos a respeitarem as histórias e tradições, à medida que descobrem maneiras de espalhar melhor a fé.
O líder da Igreja Católica denunciou a exploração dos padres indígenas, alertando para a sua marginalização e o facto de serem tratados como cidadãos de segunda classe por governos e empresas que extraem madeira, ouro e outros recursos naturais.
O Papa exortou os bispos a usarem as três semanas para orar, ouvir, discernir e falar sem medo: “Fale com coragem”, disse Francisco. Os críticos tradicionalistas de Francisco, incluindo alguns cardeais, classificaram as propostas de “heréticas” e um convite a uma religião “pagã” que idolatra a natureza e não a Deus.
A esta crítica, Hummes denunciou o “tradicionalismo” católico que está preso no passado contra a verdadeira tradição da igreja, que sempre espera.