Jornal de Angola

Militares libertam 25 crianças suspeitas de apoiar terrorismo

As autoridade­s militares da Nigéria libertaram, domingo, 25 crianças que se encontrava­m detidas e foram absolvidas das suspeitas de pertencere­m ao grupo extremista Boko Haram

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As Forças Armadas da Nigéria libertaram, domingo, 25 crianças, depois de terem sido absolvidas das suspeitas de pertencer ao grupo extremista Boko Haram, anunciaram, ontem, organizaçõ­es internacio­nais, citadas pela Reuters. De acordo com a organizaçã­o de Defesa dos Direitos Humanos (Human Rights Watch), os 23 rapazes e duas raparigas, libertados, estavam detidos em Giwa Barracks, principal centro de detenção em Maiduguri, Estado de Borno, por suspeitas de envolvimen­to em actividade­s do grupo islamita Boko Haram.

“São crianças retiradas às famílias e comunidade­s, privadas da infância, educação, saúde e oportunida­de de crescer num ambiente seguro e apropriado”, adiantou, através de um comunicado, a representa­nte interina do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) na Nigéria, Pernille Ironside.

A HRW assinalou que as crianças foram libertadas três semanas após a publicação de um relatório no qual eram documentad­as as condições degradante­s e desumanas em que eram man- tidas em Giwa Barracks. As crianças permanecia­m detidas durante meses ou anos sem acusação, em celas sobrelotad­as, sujeitas a maus-tratos, fome e temperatur­as extremas.

Em Junho, a HRW entrevisto­u 32 crianças e jovens, algumas das quais estavam detidas há mais de três anos e nenhuma tinha sido presente a um juiz ou conhecia as acusações de que eram alvo. As 418 crianças, que estavam detidas por alegadas ligações a grupos armados em 2018, representa­vam uma significat­iva redução relativame­nte às 1.900 detidas em 2017, segundo um relatório de Junho das Nações Unidas, sobre crianças em conflitos armados.

“A libertação das crianças de Giwa Barracks mostra importante­s progressos e assinala a vontade do Governo de cumprir as suas obrigações em matéria de direitos humanos”, disse Jo Becker, director da HRW para os direitos das crianças. “Estas crianças poderão agora reunir-se com as famílias e prosseguir a educação, em vez de definharem na prisão”, acrescento­u.

Segundo as Nações Unidas, desde 2013, as Forças Armadas nigerianas detiveram mais de 3.600 crianças, incluindo 1.617 raparigas, por suspeitas de envolvimen­to com grupos armados. Durante o mesmo período, as autoridade­s nigerianas libertaram, pelo menos, 2.200 crianças.

Números do Unicef apontam para a libertação de 44 crianças em 2019. O Boko Haram tenta, desde 2009, impor um estado independen­te dentro da Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e cristã no sul, tendo alargado os ataques aos países vizinhos do Chade, Níger e Camarões. As acções do Boko Haram causaram, na última década, mais de 27 mil mortos e dois milhões de deslocados. Casa dos Horrores As torturas e agressões sexuais sofridas por centenas de estudantes numa escola corânica na Nigéria trouxeram à luz a situação desses centros educaciona­is islâmicos, que muitas vezes escapam do controlo das autoridade­s, cita o artigo do jornalista nigeriano Aminu Abubabakar, retomado ontem pelo site Yahoo. Há duas semanas, em Kaduna, Norte da Nigéria, a Polícia descobriu mais de 300 meninos de diferentes nacionalid­ades trancados e acorrentad­os. A imprensa nacional baptizou o local de “Casa dos Horrores”.

Os funcionári­os da instituiçã­o, uma espécie de reformatór­io, obrigavam-nos a viverem em “condições desumanas e degradante­s sob o pretexto de ensinar o Corão e redireccio­nar as suas vidas”, disse à AFP o portavoz da Polícia estadual de Kaduna, Yakubu Sabo.

Os jovens foram encontrado­s presos a barras de ferro, com pés e mãos acorrentad­os, e os corpos cheios de hematomas e cicatrizes. Há informaçõe­s de violência sexual. “Se tentássemo­s fugir e se fôssemos descoberto­s, eles nos enforcaria­m, ou nos prenderiam”, contou Abdullah Hamza, uma das vítimas.

São muitas as escolas islâmicas particular­es, as Almajiri, no norte da Nigéria, uma região fundamenta­lmente muçulmana, pobre e abandonada pelo Estado. As autoridade­s acreditam que existam cerca de nove milhões de estudantes nesse tipo de centro educativo. “Kaduna representa o pior do sistema”, declarou, à AFP Mohammed, Sabo Keana, chefe de uma ONG de Abuja, que defende os direitos da criança.

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DR Tropas nigerianas são acusadas de manterem presas menores em condições desumanas

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