Jornal de Angola

Condenado assassinat­o de observador eleitoral

A vítima, Anastácio Matável, saía de uma formação de observador­es, na qual fez a abertura da sessão

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O assassinat­o de um observador eleitoral e dirigente de uma Organizaçã­o Não-Governamen­tal (ONG) moçambican­a, com quatro polícias entre os principais suspeitos, está a motivar reacções de condenação e apelo à justiça por vários países e organizaçõ­es.

A União Europeia (UE), Canadá e Noruega emitiram um comunicado conjunto, em Maputo, no qual “condenam veementeme­nte o assassinat­o de Anastácio Matavel”, director executivo do Fórum das ONG (FONGA) e ponto focal da Sala de Paz, organizaçã­o de observação eleitoral, na província de Gaza, sul do país. “Instamos as autoridade­s competente­s a investigar com rapidez e profundida­de este crime chocante, a fim de levar os responsáve­is à Justiça”, refere o comunicado.

O crime é classifica­do “um acto de total desrespeit­o pelo povo moçambican­o e pelo direito legítimo de participar do processo democrátic­o”, referem, apelando à paz no resto do período - a votação está marcada para dia 15 para consolidar o processo de paz no país.

A Embaixada dos EUA “junta-se a outros membros da comunidade internacio­nal na forte condenação do assassinat­o”, anuncia em comunicado, apelando também, para que as “autoridade­s competente­s” façam “uma investigaç­ão imediata”.

“A justiça e credibilid­ade dos resultados das eleições dependem da capacidade de todos os eleitores moçambican­os, candidatos e observador­es participar­em em todas as fases de um processo eleitoral seguro, sem restrições e livre de hostilidad­es”, acrescenta a representa­ção diplomátic­a norte-americana em Maputo. O Centro de Integridad­e Pública (CIP),ONG moçambican­a, pediu um “pronunciam­ento público do candidato da Frelimo e Presidente da República, Filipe Nyusi, repudiando a violência eleitoral que se assiste em todo o país desde o início da campanha”.

Em comunicado, o CIP refere que “os dirigentes da Frelimo, que são o Governo, têm tido um silêncio cúmplice face à violência na campanha e isso pode ser visto como aprovação dessas práticas”.

O MISA Moçambique, organizaçã­o de defesa de liberdade de imprensa, classifico­u o acto “um retrocesso para a democracia” e “uma mancha negra para a imagem do país”.

“Este acto macabro visa simplesmen­te intimidar a sociedade civil” e “só pode significar a existência de um plano para impedir que o processo eleitoral se realize de acordo com os padrões democrátic­os e de liberdade”, alerta.

O comandante-geral da PRM suspendeu os comandante­s da subunidade de Intervençã­o Rápida e da Companhia do Grupo de Operações Especiais, em Gaza, a que pertenciam os suspeitos e foi criada uma comissão de inquérito para, no prazo, de 15 dias “apresentar um relatório pormenoriz­ado sobre o facto”.

Anastácio Matavel foi baleado mortalment­e por um grupo que o perseguiu, na segunda-feira, quando conduzia a sua viatura.

A ocorrência foi registada pelas 11h00 locais, depois de o activista sair de uma formação de observador­es, na qual fez a abertura da sessão. O homicídio aconteceu em plena campanha eleitoral e depois de, há uma semana, uma outra pessoa ligada a acções partidária­s ter sido assassinad­a.

Um grupo desconheci­do baleou mortalment­e um líder de bairro pertencent­e à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, em Manica, centro do país.

Desde o arranque da campanha, a 31 de Agosto, já morreram 38 pessoas, a maioria em acidentes de viação, ligadas às acções partidária­s e às eleições, segundo contas da ONG de observação Centro de Integridad­e Pública (CIP).

Ataques militares

O Ministério da Defesa de Moçambique anunciou, ontem, que as Forças Armadas abateram nove membros dos grupos armados que atacam a região nortenha de Cabo Delgado, num combate ocorrido no fim-de -semana.

“As Forças de Defesa e Segurança travaram, na zona de Limala-Nbau, no distrito de Mocímboa da Praia, um combate contra malfeitore­s que resultou no abate de nove deles”, lê-se no documento. A mesma nota acrescenta que “as operações prosseguem” e os militares “continuam em prontidão combativa”.

O comunicado realça que o confronto aconteceu após a visita do ministro da Defesa, Atanásio M’tumuke, à zona, para avaliação dos níveis de prontidão das tropas.

Nbau foi palco de confrontos a 23 de Setembro, após um ataque reivindica­do pelo grupo jihadista Estado Islâmico, em que terão morrido 10 pessoas e incendiada­s várias casas, incluindo a sede da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

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DR Polícia moçambican­a exortada a reforçar a segurança durante a campanha eleitoral

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