Turquia lança ataques contra curdos na Síria
Os curdos do Norte da Síria, confrontados com a retirada do terreno do aliado americano, decretaram, ontem, uma “mobilização geral” face à operação militar da Turquia e exortaram os habitantes da região à “resistência”
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou, ontem, o início de uma nova operação militar contra a milícia curda das Unidades de Protecção Popular (YPG), apoiada pelos países ocidentais, mas considerada “terrorista” por Ancara.
“As Forças Armadas turcas e o Exército Livre da Síria (rebeldes sírios apoiados por Ancara) iniciaram a operação “Fonte de Paz” no Norte da Síria”, declarou Erdogan, através da rede social Twitter.
O líder turco considerou que a operação tem como objectivo eliminar a “ameaça do terror.”
Anteriormente, a televisão turca já tinha avançado com os bombardeamentos de caças a posições curdas no Norte da Síria, perto da fronteira com a Turquia.
Há muito que a Turquia ameaçava atacar a milícia curda. A decisão de Donald Trump de retirar as tropas norte-americanas do Norte da Síria, entregando à Turquia o controlo militar da região, propiciou a ofensiva turca.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, disse ontem que o envolvimento militar dos Estados Unidos no Médio Oriente foi “a pior decisão já tomada”, para justificar a saída de tropas da Síria.
O Governo dos EUA anunciou, no domingo, que não iria obstaculizar uma operação turca contra as milícias curdas, no Norte da Síria, dizendo que retiraria o contingente militar de várias zonas deste país, numa decisão muito contestada dentro e fora dos Estados Unidos.
Ontem, na conta pessoal da rede social Twitter, Trump disse que os Estados Unidos nunca deveriam ter-se envolvido em conflitos no Médio Oriente, onde “gastou oito mil milhões de dólares a lutar e a policiar.”
“Milhares dos nossos grandes soldados morreram ou ficaram gravemente feridos. Milhões de pessoas morreram, do outro lado. Envolvermo-nos no Médio Oriente foi a pior decisão já tomada na história do nosso país”, escreveu Donald Trump.
O Presidente norte-americano criticou, ainda, a intervenção militar no Iraque, no início deste século, dizendo que o país foi para a guerra “sob uma premissa falsa e desmentida, as armas de destruição massiva.”
Sobre a remoção da presença militar na Síria, anunciada no passado domingo, Donald Trump disse que a “Turquia deve tomar conta dos combatentes do Estado Islâmico detidos”, referindose aos cerca de 12 mil prisioneiros do grupo extremista sob controlo das milícias curdas.
“As intermináveis guerras estúpidas devem terminar, para nós”, concluiu o Presidente dos EUA, que aceitou não se envolver numa incursão militar da Turquia no Norte da Síria, durante um telefonema com o Presidente turco, Recep Erdogan.
Reacção internacional
A decisão de Washington foi lida como um sinal verde para a ofensiva turca contra os curdos, que suscitou uma imediata reacção da comunidade internacional, bem como de ambos os partidos norte-americanos, a criticar a forma como Trump deixou desamparadas as milícias curdas, que lutaram ao lado do Exército norte-americano contra o Estado Islâmico.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou-se “muito preocupado” pela ofensiva turca na Síria.
“A ideia é mostrar que a França está ao lado das FDS (Forças Democráticas Sírias), porque são parceiros decisivos na luta contra o Daech (acrónimo árabe do grupo Estado Islâmico, ‘EI’), e que estamos muito preocupados com a operação turca na Síria e transmitiremos estas mensagens directamente às autoridades turcas”, referiram à agência noticiosa AFP círculos próximos do Chefe de Estado. Os curdos do Norte da Síria, confrontados com a retirada do terreno do seu aliado norte-americano, decretaram, na quarta-feira, uma “mobilização geral” de três dias face à perspectiva de uma operação militar da Turquia a breve prazo e exortaram os habitantes da região à “resistência.”
Na segunda-feira, Paris exortou a Turquia a absterse de qualquer operação militar na Síria, que contribuirá, segundo a França, para o ressurgimento do EI.
“As Forças Armadas turcas e o Exército Livre da Síria (rebeldes sírios apoiados por Ancara) iniciaram a operação “Fonte de Paz” no Norte da Síria”, declarou Erdogan, através da rede social Twitter