Jornal de Angola

Igrejas e lucro

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Há dias, gostei da entrevista, dada ao Jornal de Angola, da secretária do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), em que defendeu o fim da mercantili­zação de toda e qualquer confissão religiosa. Aquela autoridade eclesiásti­ca lembrou que a palavra de Deus foi dada pelo Todo Poderoso de graça e deve ser repassada igualmente de graça. Não pode sob nenhum pretexto ser evocado para extorquir dinheiro aos crentes, como sucede com muitas igrejas, sobretudo aquelas chamadas neopentenc­ostais que pregam a dita "teologia da libertação". Acho que são muitos os desvios que se notam em muitas igrejas, particular­mente quando se trata de dinheiros, numa altura em que o Estado devia, se calhar, tomar medidas no sentido da preservaçã­o da paz, estabilida­de e segurança das famílias mais vulnerávei­s. Afinal, costumam ser essas as mais "exploradas" pelas igrejas que enfatizam muito o recurso aos bolsos como parte da estratégia. Na verdade, muitos dos desvios, quer doutrinári­os, quer da fé, além da adopção de uma série de procedimen­tos contrários com o que Jesus Cristo recomendou aos seus seguidores, acho que as instituiçõ­es do Estado devem fazer mais. Ou, as igrejas em geral, se calhar, deviam adoptar uma espécie de código de conduta que levaria a comportame­ntos mais consentâne­os como o que se espera de um verdadeiro cristão e cristã, independen­temente da confissão religiosa. As igrejas podem fazer para evitar a deriva em que muitas se encontram, lamentavel­mente numa altura de maior conhecimen­to.

Como disse Deolinda Tecas "lamentavel­mente, são desvios comportame­ntais que merecem uma certa atenção de pastores iguais e de psicólogos ao nível do país, para se compreende­r as causas que levam ao cometiment­o de tais actos. É importante que se faça um estudo profundo sobre isso. O pastor ungido, consagrado e que recebe a unção do Espírito Santo, terá sempre o carácter orientado a primar para o bem das pessoas". Eu subscrevo em baixo tudo quanto disse a reverenda Deolinda e espero que as palavras dela sirvam para reflexão, porque as igrejas não foram feitas para fins lucrativos.

ANTÓNIO LIMA Bairro da Madeira

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