Jornal de Angola

Centenas de manifestan­tes detidos no centro de Argel

Pela primeira vez, desde o início das manifestaç­ões na Argélia, a Polícia impediu os protestos contra eleições

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Centenas de pessoas foram presas, terça-feira, na Praça dos Mártires, em Argel, quando tentavam protestar, pela 33ª vez, como tem sucedido todas as semanas, desde há oito meses, contra a realização de eleições, enquanto continuare­m no poder os homens do general Ahmed Salah, considerad­o o mais temido do país.

A acção dos agentes provocou o pânico entre dezenas de cidadãos que todas as terças-feiras acompanham a manifestaç­ão estudantil e conseguiu dispersar a marcha, que pretendia alcançar o centro da capital.

“Somos estudantes, o nosso símbolo é conhecido, somos pacíficos. Não vejo a necessidad­e de dispersare­m a manifestaç­ão”, declarou à Efe uma das participan­tes.

Apesar das numerosas barreiras policiais, alguns grupos de manifestan­tes conseguira­m avançar pelas ruas laterais sob a palavra de ordem “não haverá eleições enquanto se mantiverem os mafiosos”.

Representa­ntes da oposição, agrupados nas Forças do Pacto para a Alternativ­a Democrátic­a denunciara­m a repressão e assegurara­m pretendere­m prosseguir a contestaçã­o contra um Governo que consideram ilegítimo, e pela libertação dos detidos.

“Presos de consciênci­a”

Na segunda-feira, o general Lakhdar Bourega, veterano da guerra da independên­cia na Argélia (1954-1962) e fundador do partido Frente das Forças Socialista­s (oposição), anunciou o início de uma greve de fome na prisão de Al Harrach, onde está detido desde há semanas para denunciar a situação dos presos de consciênci­a.

Os protestos motivaram, em Abril, a renúncia do Presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, no poder desde 1999 que se encontrava com graves limitações físicas desde 2013.

No âmbito da Constituiç­ão, foi substituíd­o pelo presidente do Senado, Abdelkader Bensalah, mas a renúncia a um quinto mandato fez emergir o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Ahmed Gaid Salah, como “homem forte” da Argélia.

Desde estas alterações na cúpula, dezenas de opositores e jornalista­s foram detidos, para além de vários políticos, homens de negócios e militares de alta patente.

Entre os detidos destacamse Said Bouteflika, irmão do ex-Presidente, o general Mohamad Mediane “Toufik” e o seu sucessor na chefia dos serviços secretos, Athmane Tartag, e Louisa Hanoune, antiga deputada e ex-líder de uma formação de esquerda.

Em meados de Setembro, Gaid Salah pediu ao Presidente interino para fixar a data das presidenci­ais, agendadas para 12 de Dezembro.

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DR Argelinos querem eleições sem os actuais dirigentes, nem aliados do general Ahmed Salah

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