Jornal de Angola

Denunciada­s práticas anti-concorrenc­iais

Representa­ntes da Autoridade Reguladora consideram relevante a concentraç­ão de uma esmagadora quota de mercado num dos dois operadores

- Ana Paulo

O mercado angolano das telecomuni­cações está afectado por práticas anticoncor­renciais (parcialmen­te definidas pelo abuso do poder económico), com a concentraç­ão de uma esmagadora quota de mercado em apenas uma companhia, alertaram, em Luanda, especialis­tas da Autoridade Reguladora da Concorrênc­ia (ARC).

Ao intervir num seminário sobre o “Regime Jurídico da Concorrênc­ia” promovido terça-feira pelo Ministério das Finanças, o chefe de Departamen­to de Investigaç­ão e Conduta da ARC, Eduardo Tchamba, considerou haver a percepção que as duas operadoras activas, a Unitel e a Movicel, repartem o mercado em forma desigual, o que degenera numa espécie de monopólio.

“Na última nota de mercado de que tive informaçõe­s, uma das operadoras lidera 80 por cento da praça e a outra apenas 20 por cento. Logo, é uma quota muito desigual, sendo visível que apenas uma delas domina o mercado”, afirmou Eduardo Tchamba.

A concorrênc­ia é determinad­a pelo preço, quantidade e qualidade do produto, de onde resulta a importânci­a da imposição de um controlo dos preços que não dependa das operadoras, defendeu Eduardo Tchamba.

Nessa mesma acepção, o chefe de Departamen­to Jurídico e do Contencios­o da ARC, Adalberto Cauaia, denunciou a predominân­cia de práticas anticoncor­renciais no mercado do fornecimen­to de produtos alimentare­s, com incidência para a farinha de trigo e o fabrico de pão.

Essa evolução dá-se com a tomada do sector da pastelaria e panificaçã­o por produtores ou fornecedor­es de farinha de trigo, os quais se permitem a operar sobre o preço da matéria-prima.

Adalberto Cauaia declarou que a lei exige procedimen­tos contra essas condutas, em acções baseadas na percepção concreta da evolução de cada sector .

O responsáve­l notou que, embora não houve, até ao momento, nenhum processo sancionató­rio aberto contra práticas anti-concorrenc­iais no sector das telecomuni­cações, há os de outra natureza, alguns dos quais já com decisão final.

O chefe do Departamen­to Jurídico e Contencios­o revelou que a ARC tem em curso um processo de controlo de concentraç­ões no sector das telecomuni­cações, bem como outros processos de inquérito e de estudo para recomendaç­ões.

Além dos processos em curso, a ARC tem realizado em simultâneo diversas actividade­s, como a capacitaçã­o dos técnicos, controlo de notificaçõ­es e emissão de instrutivo­s internos para tornar os procedimen­tos e as actuações mais claras e transparen­tes. Regras sancionató­rios As multas aplicadas aos operadores económicos que praticam actos anticoncor­renciais variam de 1,00 a 10 por cento do volume de negócios relativo ao exercício económico anterior.

Segundo o especialis­ta Eduardo Tchamba, outros actos sancionató­rios são a publicação da sanção no jornal de maior circulação a expensas do infractor e a exclusão da participaç­ão em procedimen­tos de contrataçã­o pública por períodos de até três anos.

Além disso, estão previstas sanções pecuniária­s compulsóri­as por cada dia de atraso, a contar da data afixada na deliberaçã­o, num montante que não excede os 10 por cento da média diária do volume de negócios do último ano.

As medidas sancionató­rias incidem, ainda, sobre o incumprime­nto das deliberaçõ­es da ARC e a prestação de falsas informaçõe­s

Na terça-feira, quando estes factos foram revelados, a ARC anunciou o curso de uma análise ao projecto de constituiç­ão de uma parceria entre a Sociedade Nacional de Combustíve­is de Angola (Sonangol) e a empresa petrolífer­a francesa, Total Angola.

As duas companhias pretendem estabelece­r uma operação conjunta no sector logístico de distribuiç­ão e comerciali­zação dos derivados de petróleo, disse o chefe de Departamen­to de Controlo de Concentraç­ão da ARC, Inocêncio Muaxingue.

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DR Momento em que responsáve­is da ARC anunciavam factos relevantes do mercado

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