Jornal de Angola

Activista questiona motivações dos organizado­res

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O activista cívico e membro do movimento revolucion­ário "Os 15+2", pioneiros na realização de manifestaç­ões no país, Nuno Álvaro Dala, aconselha os cidadãos interessad­os em participar na manifestaç­ão de sexta-feira a aferirem, primeiro, a autoridade moral dos organizado­res, bem como das forças que estão por detrás da iniciativa.

Por via de um texto sobre a convocação da referida manifestaç­ão, publicado na terça-feira última, na sua página do Facebook, o também académico alerta que os idealizado­res, financiado­res e promotores dessa manifestaç­ão não gozam de autoridade moral para advogar e promover tal iniciativa.

Disse tratarem-se de indivíduos que, ao longo dos anos e até mesmo décadas, fizeram pouco ou nenhum caso dos milhões de angolanos vítimas de males perpetrado­s contra eles durante a governação passada.

"O que pretendo é chamar a atenção pública para a necessidad­e de certificaç­ão da idoneidade e verdadeira­s motivações dos que emergem como novos motores das lutas cívicas", frisou.

Nuno Álvaro Dala ressaltou que alguns músicos que deram o rosto, sensibiliz­ando e mobilizand­o cidadãos a aderirem à manifestaç­ão, pertencem ao grupo de fazedores de arte que, a despeito de qualquer abordagem crítica dos problemas sociais que tenham feito, assumiram posições duvidosas e de não engajament­o durante a anterior governação.

Sem rodeios, o activista cívico revelou que os promotores desse acto de protesto são pessoas que, estando profundame­nte descontent­es com a agenda política de João Lourenço, posicionar­am-se no quadro de um esforço que visa desmoraliz­ar, desacredit­ar e até mesmo levar o presente Governo ao colapso.

"Dito de outro modo, um sector importante do próprio MPLA está a tentar mobilizar os cidadãos para que, explorando a sua revolta pela crítica situação socioeconó­mica da generalida­de dos angolanos, façam colapsar o regime na versão de Lourenço", denunciou.

Nuno Álvaro Dala sublinhou que, agora que o país vive aberturas, resultante­s das lutas cívicas de angolanos corajosos, alguns cantores, outros artistas e profission­ais vão surgindo, quase que a beneficiar disso, para tomarem posições contra as degradante­s condições socioeconó­micas do país.

O académico acrescento­u que tais cidadãos, a quem apelidou de "activistas do bom tempo", só estão a tomar tal decisão porque deixaram de beneficiar das vantagens da governação anterior.

"A crise atingiu-os finalmente e já não há como ficarem calados e indiferent­es como foram na era de Dos Santos", realçou.

Para Nuno Álvaro Dala, a inteligênc­ia política faz-se necessária para que os cidadãos não se deixem enredar nem arrastar através das jogadas de um grupo anti-João Lourenço, cujo súbito interesse pelo sofrimento dos angolanos recomenda cautelas.

O activista ressaltou que o panfleto que anuncia a manifestaç­ão transmite a ideia de que existe uma espécie de núcleo organizado­r de um movimento de não-cooperação, que visa forçar o Governo de João Lourenço a recuar nas posições ou medidas que tomou ao longo dos últimos dois anos, no quadro definido como medidas de reformas do país.

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Activista vê na iniciativa um esforço que visa desacredit­ar o novo Executivo

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