Repatriamento organizado e voluntário começou ontem
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) iniciou, ontem, o processo de repatriamento voluntário e organizado dos refugiados da República Democrática do Congo (RDC), que ainda se encontram no assentamento do município do Lôvua (Lunda-Norte), depois de, no mês passado, ter sido concluído o retorno espontâneo.
A informação foi avançada em conferência de imprensa, no Dundo, pelo representante interino daquela agência das Nações Unidas para os Refugiados em Angola.
Wellington Carneiro indicou que, no primeiro dia da operação, saiu um contingente de 225 pessoas, entre as quais 221 refugiados e quatro outras não registadas, que acompanharam familiares.
“Os refugiados foram transportados em cinco camiões de passageiros e seis outros de bagagens”, explicou Wellington Carneiro, na conferência de imprensa realizada nos escritório do ACNUR, no Dundo. “Hoje, começamos o repatriamento voluntário e organizado dos refugiados da RDC para a província do Cassai”, disse.
O início da operação foi testemunhado pelas autoridades angolanas, nomeadamente o secretário de Estado da Acção Social, Lúcio do Amaral, e a vice-governadora para o sector Político, Social e Económico da Lunda-Norte, Deolinda Vilarinho.
Segundo o funcionário do ACNUR, dentro de aproximadamente dois meses, tempo que vai durar o processo de repatriamento organizado, retornam quatro a cinco mil refugiados, dos cerca de oito mil que ainda se encontram no território angolano, concretamente no assentamento do município do Lôvua.
Wellington Carneiro disse, também, que se têm verificado indecisões por parte de muitas pessoas que manifestam o desejo de regressar ao país de origem e os que pretendem permanecer no território angolano. “Por isso, os cálculos apontam que cerca de dois a três mil refugiados ainda queiram ficar em Angola, um assunto que carece de uma discussão com o Governo angolano”, disse.
O representante interino do ACNUR esclareceu que, numa primeira fase, estão a ser repatriados os refugiados com destino à província congolesa de Cassai a partir do posto fronteiriço do Nachiri, município do Chitato (LundaNorte). Os refugiados com destino à província do Kassai Central, por via das fronteiras do Tchikolondo (município do Cambulo–Angola) e Kalamba Mbjui (RDC), começam apenas a ser transportados para o país de origem dentro de três semanas a contar do primeiro repatriamento, segundo o responsável.
Wellington Carneiro sublinhou que o repatriamento de refugiados para a província do Cassai Central ficou aprazado para dentro de três semanas pelo facto de, até ao momento, estarem ainda retidas na fronteira do Kalamba Mbuji, cerca de cinco mil pessoas que tinham retornado no âmbito do regresso espontâneo e os imigrantes ilegais expulsos na Operação Transparência, que aguardam apoio para regressar às zonas de origem.
Apoio angolano
Segundo o funcionário do ACNUR, com o apoio do Governo angolano, o repatriamento organizado de refugiados vai ser feito com maior segurança e dignidade possível. Antes da viagem, que começa a partir das 8h00, do Lôvua para as fronteiras, é distribuída alimentação quente, oferecida pelos parceiros do ACNUR no processo.
A assistência médica até ao destino é prestada pela Organização Não-Governamental Medicos Del Mundo, que disponibilizou uma ambulância.
Wellington Carneiro explicou que os refugiados vão receber quites de reintegração social, avaliado em 140 dólares, para cada pessoa.