Jornal de Angola

Raparigas expostas a vulnerabil­idade

- André Sibi

O secretário de Estado da Juventude admitiu ontem, em Luanda, que em todo o mundo, em particular em África, grande parte da população é jovem e as raparigas e adolescent­es constituem o segmento que se encontra mais exposto à situação de vulnerabil­idade no que concerne à violência, assédio sexual, gravidez e casamento precoce, assim como a desigualda­de de oportunida­des.

Ao intervir no acto que marcou o Dia Internacio­nal da Menina, assinalado ontem, Fernando Francisco João disse que é por esta razão que o Governo aprovou, recentemen­te, a política nacional da juventude, de modo a assegurar a importânci­a que as meninas ocupam na agenda do Executivo, cujas linhas orientador­as evocam a igualdade de oportunida­des no acesso aos serviços sociais básicos.

Em nome da representa­nte do Fundo das Nações Unidas para População (UNFPA), o representa­nte do UNICEF em Angola, Abubacar Sultan, lembrou que muitos dos compromiss­os assumidos para com as meninas não estão a ser cumpridos.

Em todo o mundo, prosseguiu, em cada ano, 12 milhões de meninas menores de 18 anos são obrigadas a casar, 130 milhões estão fora do sistema de ensino e aproximada­mente 15 milhões de adolescent­es, entre os 15 e 19 anos, experiment­aram sexo forçado. “As mais de 1,1 bilhão de meninas no mundo já sofreram o suficiente. Este ano, ao celebrarem o seu Dia Internacio­nal, elas demandam a materializ­ação dos compromiss­os assumidos há quase 25 anos, para que se crie um futuro melhor”, alertou.

Apesar de tudo, Abubacar Sultan reconheceu ter havido avanços significat­ivos no acesso à educação, cuidados de saúde e na participaç­ão das meninas no mundo associativ­o, mas admitiu que prevalece ainda disparidad­es, face às barreiras sociocultu­rais, pois uma em cada três meninas é obrigada a casar-se antes de completar os 18 anos.

“Uma em cada sete meninas casa-se antes de completar os 15 anos. Por outro, todos os dias nascem 7,3 milhões de bebés de mães com 17 anos de idade ou menos e, 63 por cento dos jovens que não sabem ler e escrever são meninas”, disse.

Para o responsáve­l, o desenvolvi­mento de habilidade­s das meninas tem implicação concreta para a incorporaç­ão destas no mercado de trabalho, para a saúde e para dois dos desafios mais importante­s na era actual, nomeadamen­te a educação e a igualdade de género.

Disse que, a nível nacional, verifica-se que a educação das meninas merece uma atenção especial.

O inquérito de Indicadore­s Múltiplos e de Saúde 20152016 mostra que 42,6 por cento dos meninos e rapazes, entre 12 e 18 anos, frequentam o ensino secundário, contra apenas 37 por cento das raparigas.

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