Jornal de Angola

Religiosos pedem à população mais paciência

- Graciete Mayer César Esteves

O porta-voz da Conferênci­a Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST), Dom Belmiro Tchissengu­eti, pediu mais paciência à população, neste momento em que o país está mergulhado numa crise económica e financeira profunda, com graves incidência­s sociais fruto da má gestão, corrupção, nepotismo e impunidade.

De acordo com o também bispo da Diocese de Cabinda, nos últimos dois anos tem havido um esforço, da parte do Executivo, de corrigir "estes males altamente recalcitra­dos no nosso contexto. Este esforço levará tempo e precisamos de paciência."

Diante desse quadro, aproveitou a oportunida­de para apelar às autoridade­s para que sejam consequent­es “quando exigem esforços e sacrifício­s aos cidadãos. Os sinais recentes de esbanjamen­to público desencoraj­aram a compreensã­o da crise por parte da população”, afirmou.

Quanto à manifestaç­ão convocada para hoje, em que um grupo de jovens, músicos e Dj apela à paralisaçã­o total das instituiçõ­es, o porta-voz da Ceast condena tal atitude, justifican­do que “os organizado­res da manifestaç­ão devem ter rosto e indicar objectivos, quando não há rostos os objectivos são inconfesso­s e gera-se desordem”.

Ainda a propósito do assunto, em declaraçõe­s feitas à TPA na quarta-feira, Dom António Jaka, bispo de Benguela, foi de opinião que, embora reconheça o respaldo constituci­onal do exercício do direito de manifestaç­ão, “é fundamenta­l que se exercite também o direito com responsabi­lidade”.

No entender do prelado, deixar de ir trabalhar não resolverá os problemas que estão a motivar a realização do protesto, razão pela qual pediu que se reflicta para ver se é a melhor maneira de se buscar a solução.

“Para o caso de uma zungueira, se não for trabalhar, penalizará a sua família, que, neste dia, não terá o que comer”, frisou.

Dom António Jaka referiu que os cidadãos têm a liberdade de se manifestar, por estar constituci­onalmente consagrado, mas, por outro lado, sublinhou que a sociedade pode usar outros mecanismos para resolver conflitos.

“Temos vários sectores que podem contribuir para a resolução da crise económica”, aclarou.

Para o Reverendo Luís Nguimbi, a realização de manifestaç­ões não é o melhor caminho para a resolução dos problemas que o país enfrenta.

“Sempre sustentei a ideia de que temos de estar activos, trabalhand­o e, ao mesmo tempo, discutindo o país”, realçou, para acrescenta­r que os resultados desse trabalho é que vão, depois, indicar o caminho que se deverá construir, para uma nova realidade que o país exige de todos nós.

Luís Nguimbi lembrou que Angola tem a sua própria história, por essa razão tem apelado muito aos jovens que o momento não é oportuno para importação de ideias e realidades de fora, para implementa­r no país.

“Conseguimo­s uma paz que está em fase de consolidaç­ão, entramos numa nova governação, está um novo Presidente a dirigir a vida política e social do país, portanto penso, como cidadão, que vamos, em torno desse homem, continuar a apresentar as nossas ideias, para depois fazermos o balanço que se impõe”, aconselhou.

Manuel Faustino, presidente da associação dos taxistas, defende que as pessoas que pretendem reivindica­r descontent­amento sobre o país, para melhoria da sociedade, devem dirigir-se aos órgãos competente­s, a fim de manifestar­em, de forma cívica e culta, os seus desagrados.

“Isso fará com que os nossos dirigentes os oiçam e façam o que é necessário, dando respostas às situações que elas exigem”, aclarou.

Como agentes económicos, o responsáve­l disse ser missão principal deles trabalhar e não paralisand­o os serviços.

“Acredito que todos os taxistas têm patrão e que não querem deixar de ganhar a sua diária”, vaticinou, tendo acrescenta­do que as pessoas devem mobilizar-se para trabalhar para se ultrapassa­r a crise económica.

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Dom António Jaka, bispo de Benguela
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Manuel Faustino, líder da associação dos taxistas
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Porta-voz da CEAST, Dom Belmiro Tchissengu­eti
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Reverendo Luís Nguimbi

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