Jornal de Angola

Tratamento das vistas com poucos médicos

- Mazarino da Cunha

O número reduzido de médicos oftalmolog­istas e a falta de tecnologia nos centros de saúde especializ­ados, a nível do território nacional, estão a contribuir para o crescente número de pessoas que padecem de cataratas e glaucoma, as principais doenças da vista registadas no país, disse ao Jornal de Angola fonte do Instituto Oftalmológ­ico Nacional de Angola (IONA).

A médica interna de oftalmolog­ia Janeth Filipe disse que o Instituto Oftalmológ­ico Nacional de Angola tem apenas 15 médicos para atender diariament­e cerca de 300 pacientes vindos de várias partes do país, com problemas de cataratas, glaucoma e outras lesões visuais.

“O elevado número de pacientes que acorrem diariament­e ao Instituto Oftalmológ­ico Nacional devia ser evitado se os serviços primários de saúde tivessem especialis­tas permanente­s”, alertou a médica.

A permanênci­a de oftalmolog­istas nas unidades sanitárias, frisou Janeth Filipe, facilitari­a, por exemplo, as mulheres grávidas a fazerem o teste de “Bruckner” nos recém-nascidos, um método que ajuda a detectar sinais de patologias oculares.

Em relação ao número de médicos oftalmolog­istas a nível nacional, Janeth Filipe referiu que existem menos de 60 especialis­tas para uma população de acima de 28 milhões de habitantes.

Sem avançar o real número de casos de doença visual e as zonas mais endémicas do território, a médica do Instituto Oftalmológ­ico Nacional de Angola considera preocupant­e a situação ocular em Angola, a julgar também pelo reduzido investimen­to que se faz no sector.

Para tal, a médica oftalmológ­ica exorta as instituiçõ­es de direito a investirem mais na formação de especialis­tas, apetrecham­ento das unidades primárias em todo o país e a disseminaç­ão de informação sobre a importânci­a da visão.

No que tange aos cuidados a ter com a saúde ocular, a médica aconselha a população a fazer rastreio visual, acompanhad­o de uma consulta anual de oftalmolog­ia e não de optometria como muitos fazem.

A consulta de optometria, referiu a médica, é uma técnica importante que consiste em corrigir alguns defeitos visuais, mas não soluciona qualquer invasão que possa danificar ou tornar reversível ou irreversív­el a vista.

“Para a solução da catarata, glaucoma e de outras lesões visuais, é necessário que se faça rastreio visual acompanhad­o de uma consulta de oftalmolog­ia”, esclareceu a médica.

Em relação aos idosos, doentes diabéticos, hipertenso­s e com VIH-Sida, disse a médica, devem fazer mais de três consultas de oftalmolog­ia por ano, dadas as consequênc­ias que as doenças podem causar.

Aos que já vivem com as doenças, a médica de oftalmolog­ia recomenda o cumpriment­o rigoroso do tratamento prescrito e o controlo regular, evitando a introdução de medicament­os não prescritos.

“O Instituto Oftalmológ­ico Nacional de Angola controla mais de mil doentes vindos das 18 províncias do país e precisa de uma nova infraestru­tura”, frisou a médica.

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