Angolana admite abertura no mercado internacional
A artista Márcia Dias, que conquistou, há dias, a medalha de ouro, com o quadro “Mumuíla”, numa exposição internacional no Dubai, reconheceu, ontem, ao Jornal de Angola, a existência de uma grande abertura, em relação à cultura e à arte angolana, em vários países, ao ponto de esta estar a dominar mercados muito competitivos.
A criadora, cujas fontes de inspiração são a natureza e as vivências do quotidiano, disse que expor no Dubai “foi bastante significativo para a projecção da carreira” e, também, na abertura de novas portas à afirmação dos criadores angolanos.
“É sempre um motivo de alegria dignificar o país de origem além-fronteiras, em especial quando é fruto do reconhecimento do trabalho e talento próprio. Esta medalha de ouro é destinada a todos angolanos, particularmente aos que sempre lutaram pelos sonhos”, adiantou a artista, a residir há 20 anos em Portugal.
Para Márcia Dias, cujas pinturas trazem, regularmente, traços e pormenores da terra natal, Angola, como as paisagens, o país tem muitos artistas com potencial, em várias vertentes, que precisam apenas de apoios.
Em relação ao trabalho distinguido, “Mumuila”, explicou que realça as raízes angolanas, através de cores quentes e traços únicos, capazes de evidenciar o peso e relevo da significância da cultura nacional.
“Eu não me inspiro em temáticas, nem objectos. A pintura tem de transmitir a liberdade de criar, através de emoções e sentimentos”, revelou a artista, cuja recepção favorável da crítica, angolana e portuguesa, permitiramlhe obter sucesso além-fronteiras, com distinções como a medalha de Ouro, no Dubai, o Pincel de Ouro e um Diploma de Participação Brilhante, na França.
Márcia Dias considera “uma honra e reconhecimento do trabalho” o convite do Consulado Geral da República de Angola em Portugal para pintar o retrato do Presidente João Lourenço, aquando da visita do Chefe de Estado angolano àquele país, mesmo não tendo exposto em Angola.O retrato de João Lourenço foi feito pela artista no estilo realista, numa notável pintura, a óleo sobre tela, num cenário pontuado pela bandeira nacional e a Torre de Belém, símbolo de Portugal, unindo numa única obra os universos dos dois países.
Márcia Dias começou a pintar na adolescência, tendo assumido verdadeiramente a “alma de artista” nas duas últimas décadas, com quadros adquiridos por coleccionadores particulares de Angola, Portugal, Suécia, Brasil e Dubai. “Vivi parte da vida na Suécia e foi lá que o sonho começou. Visitava galerias de arte e senti que era esse o caminho que queria seguir. E hoje a pintura é um sonho realizado”, disse a pintora.
As obras de Márcia Dias já estiveram expostas em várias mostras colectivas internacionais, com destaque para “Le Carrousel”, no Louvre, “Forte de São Bruno”, em Oeiras, Portugal, “Otono”, em Barcelona, Espanha, e na Mostra de Artes, no Luxemburgo.