Jornal de Angola

Primeiro-Ministro da Etiópia é o Nobel da Paz

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O Nobel da Paz é concedido desde 1901 para distinguir “a pessoa que fez mais ou melhor trabalho em prol da fraternida­de entre as nações, da abolição ou redução de exércitos permanente­s e da realização e promoção de congressos de paz”

Na Etiópia, a paz ainda não é um dado adquirido, mas o Comité Nobel deposita uma grande esperança no Primeiro-Ministro para a conseguir. Por isso, Abiy Ahmed Ali, chefe do Governo etíope, foi, ontem, o laureado de 2019 com o Prémio Nobel da Paz. Ganhou-o, segundo o Comité Nobel norueguês, “pelos seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacio­nal, em particular pela sua iniciativa decisiva para resolver o conflito fronteiriç­o com a vizinha Eritreia.”

Segundo a Reuters, o comunicado do comité frisa que Abiy Ahmed exprimiu a sua intenção de pacificar a relação bilateral desde que assumiu o poder, em Abril de 2018, que tal não teria sido possível sem a colaboraçã­o do Presidente eritreu, Isaias Afwerki. Terem aceitado a decisão arbitral que fora emitida, em 2002, por uma comissão internacio­nal para discutir as fronteiras foi um passo crucial.

O comité afirma esperar que esta distinção incentive os esforços continuado­s de Abiy Ahmed e Afwerki e também o caminho da Etiópia rumo à democracia plena. O Primeiro-Ministro levantou o estado de emergência que vigorava no país, pôs fim à censura da comunicaçã­o social, legalizou forças da oposição que estavam proibidas, afastou dirigentes militares e civis suspeitos de corrupção e aumentou a presença de mulheres em cargos de poder, nomeadamen­te chefiando um Executivo paritário e tendo designado a Primeira-Ministra da Defesa na história da Etiópia. A Chefe de Estado e a principal responsáve­l pela preparação das eleições do próximo ano são igualmente mulheres.

O comunicado do júri elogia ainda a mediação de Abiy Ahmed em processos de paz entre a Eritreia e o Djibuti e entre o Quénia e a Somália, bem como entre o Governo e a oposição do Sudão.

Frisando que a Etiópia é um país de muitas línguas e povos, o comité alerta para o ressurgir de velhas rivalidade­s (houve mesmo exemplos, nas últimas semanas e meses, lê-se no comunicado) e para a existência de três milhões de etíopes internamen­te deslocados, a que se acresce cerca de um milhão de refugiados e candidatos a asilo de países próximos.

O Nobel da Paz é concedido desde 1901 para distinguir “a pessoa que fez mais ou melhor trabalho em prol da fraternida­de entre as nações, da abolição ou redução de exércitos permanente­s e da realização e promoção de congressos de paz”, determinou o industrial Alfred Nobel no seu testamento.

Antes deste ano, o prémio fora entregue por 99 vezes, consagrand­o 89 homens e 17 mulheres. Em 2014, a estudante paquistane­sa Malala Yousafzai tornou-se no laureado mais jovem de sempre. Tinha 17 anos. No ano passado, a distinção foi entregue ao médico congolês Denis Mukwege e à activista Nadia Murad, pelo seu trabalho de combater e denunciar o papel da violência sexual nos conflitos armados.

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