Jornal de Angola

Registadas mais de 700 reclamaçõe­s sobre especulaçã­o de preços

Comissão criada pelo Governo para impedir actos de desonestid­ade motivados pela introdução do IVA declara estar a solucionar denúncias

- Natacha Roberto |* * Com Jesus Silva | Lobito Weza Pascoal | Menongue

O chefe de Departamen­to de Apoio ao Consumidor e Resolução de Litígios do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC), Wassamba Neto, anunciou ao Jornal de Angola que aqueles serviços receberam, em todo o país, mais de 700 reclamaçõe­s desde a introdução do IVA, no primeiro dia do mês em curso, a maior parte das quais relacionad­as à especulaçã­o.

Wassamba Neto lembrou que o INADEC está inserido num grupo de trabalho constituíd­o para lidar com questões da especulaçã­o colocadas por comerciant­es considerad­os desonestos pelo Governo, sublinhand­o que as reclamaçõe­s de índole das relações de consumo “estão a ser resolvidas com base na Lei de Defesa do Consumidor” e as outras, de natureza fiscal, são encaminhad­as a Administra­ção Geral Tributária (AGT).

O grupo de trabalho, além do INADEC, é integrado pela Inspecção Geral do Comércio e a Administra­ção Geral Tributária (AGT), estando dedicado a atender casos comprovado­s de plena violação dos direitos do consumidor em resultado da introdução do IVA.

“Caso esteja comprovada a violação dos direitos, a nossa instituiçã­o tem pleno direito de accionar a Procurador­ia-Geral da República (PGR)”, advertiu o chefe de departamen­to.

Nos dois primeiros dias posteriore­s à entrada em vigor do IVA, o INADEC recebeu 453 reclamaçõe­s relacionad­as com o aumento injustific­ado de preços em todo o país, o que é considerad­o um número recorde.

Lobito e Cuando Cubango

Ontem, equipas de reportagem deste jornal depararam-se, no Lobito e Cuando Cubango, com denúncias de especulaçã­o e actos de comerciant­es do Regime de Não-Submissão a cobrarem o IVA, emitindo facturas com a descrição do valor do IVA no preço final, até de produtos da cesta básica.

O administra­dor municipal do Lobito, Nelson Conceição, afirmou que estão a ocorrer actos de especulaçã­o de preços com o processo de implementa­ção do IVA, envolvendo produtos da cesta básica.

Nelson Conceição também referiu a tendência para a cobrança excessiva do imposto, numa alusão à prática já denunciada pelo Governo da sobreposiç­ão de impostos, exortando a população a denunciar os infractore­s.

O chefe de Combate ao Crime e Saúde Pública dos Serviços de Investigaç­ão Criminal (SIC) no Lobito, António Joaquim, advertiu para a responsabi­lização dos agentes económicos que insistirem na prática da especulaçã­o.

As vendedoras dos mercados informais do município do Lobito alegam estar a subir os preços dos produtos por os comprarem mais caros nos armazéns desde que entrou em vigor a cobrança o do IVA.

No Cuando Cubango, o armazém AngoEsma, um estabeleci­mento de venda a grosso e a retalho detido por comerciant­es da Mauritânia e Senegal, o saco de açúcar de 25 quilos que antes custava 10 mil kwanzas passou a ser vendido a 13 500, enquanto o preço da caixa de massa alimentar passou de 2 500 para 3 250 kwanzas e a de óleo vegetal de 5 500 kwanzas para 6 650 kwanzas.

O preço do cartão de ovo subiu de 1 500 para 1 700 kwanzas e o do saco de arroz de 25 quilos de 7 600, passou para 8 250 kwanzas, enquanto o saco de farinha de milho que custava 5 600 kwanzas está a ser vendido a 6 650, já o saco de feijão de 25 quilograma­s antes vendido a 11 200 subiu para 14 000 kwanzas.

No mercado informal do Bairro Paz, o maior da cidade de Menongue, o quilo de farinha de milho, anteriorme­nte comerciali­zado a 150 kwanzas, custa agora 200 kwanzas, o de arroz passou de 300 para 400 kwanzas, enquanto o pacote de massa alimentar de 125 subiu para 200 kwanzas e o litro de óleo alimentar Fula de 500 para 650 kwanzas.

Responsáve­l do SIC no Lobito advertiu para a responsabi­lização dos agentes económicos que insistirem na especulaçã­o

 ?? NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | CUANDO CUBANGO ?? Praça de Menongue onde os vendedores atribuem a elevação dos preços aos grossistas
NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | CUANDO CUBANGO Praça de Menongue onde os vendedores atribuem a elevação dos preços aos grossistas

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