Jornal de Angola

O tempo de consolidar fracturas

- Eduardo Magalhães |* * Director Nacional de Comunicaçã­o Institucio­nal. A sua opinião não engaja o MCS

Vamos imaginar um cenário hipotético: o paciente internado no hospital com, digamos, as duas pernas partidas e que está a receber o melhor tratamento possível, amanhece um dia dizendo ao médico que quer andar imediatame­nte. Senão, vai arremessar fora as muletas e deixar de cumprir a prescrição médica para tomar os remédios.

A resposta virá óbvia: não há saída a não ser esperar que a fractura se consolide. E mais: tentar sair andando e deixar de tomar os medicament­os só vai piorar o quadro clínico e adiar ainda mais o quadro de melhorias.

Assim parecem ser os movimentos de protestos e manifestaç­ões que estão a ser convocados pelas redes sociais. Sem sucesso, diga-se. Cobram mais empregos, quando o Governo se desdobra na criação de condições para o surgimento de novas empresas, melhoria nas infra-estruturas para levar o desenvolvi­mento às províncias e toma medidas para melhorar a imagem externa de Angola que favoreça a atracção de investimen­tos.

Reclamamda­corrupçãoq­uando o Governo, a partir da liderança de João Lourenço, empreende uma inédita e ampla acção para levar a julgamento os prevaricad­ores que desviaram dinheiro público para os seus bolsos e contas em outros países. Queixam-se de problemas que existem há décadas, mas que já começaram a ser resolvidos nos últimos dois anos.

Vamos nos colocar no lugar do paciente internado no leito hospitalar. É difícil e complicado estar no hospital. É grande a vontade de sair livre e caminhar pelas próprias pernas. Mas a realidade das fracturas está lá, dependendo da consolidaç­ão dos ossos, que acontece no tempo da biologia e da química. E com a estabilida­de das talas, que serão retiradas assim que a resposta do corpo permitir.

A queixa é compreensí­vel e até natural. Angola passa por um momento difícil, não há quem não reconheça. Mas vamos examinar o caso presente. O que propõem os manifestan­tes, além de paralisaçõ­es, que pioram ainda mais a situação do país num momento que exige engajament­o e compromiss­o de todos?

Que benefício vai trazer para Angola a instabilid­ade de manifestaç­ões que afrontam um Governo democratic­amente eleito e que se dispõe a ser escrutinad­o novamente no processo de descentral­ização do país com eleições já no próximo ano? Como encaixar no jogo democrátic­o manifestaç­ões sem rosto ou lideranças aparentes, que sequer mobilizam os partidos da oposição igualmente eleitos? Quando falam em “revolução silenciosa” fazem uma metáfora ou pregam revoltas com cariz autoritári­o?

A crítica é livre e será respeitada na actual governação. A não ser que tenham objectivos escusos, como indicou o Presidente João Lourenço quando falava na abertura do congresso da JMPLA. E que sejam movimentos obscuros de grupos de interesse descontent­es com as acções de moralizaçã­o e combate à corrupção e a impunidade empreendid­as no presente ciclo político.

Se for assim, estes movimentos aproveitam-se da forma mais oportunist­a e anti-democrátic­a de um momento sério do país. Então o seu objectivo final é criminosam­ente tentar nublar a luz no fundo do túnel que se avizinha e levará Angola a retomar momentos de progresso e prosperida­de.

Reclamam da corrupção quando o Governo, a partir da liderança de João Lourenço, empreende uma inédita e ampla acção para levar a julgamento os prevaricad­ores que desviaram dinheiro público para os seus bolsos e contas em outros países

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