O tempo de consolidar fracturas
Vamos imaginar um cenário hipotético: o paciente internado no hospital com, digamos, as duas pernas partidas e que está a receber o melhor tratamento possível, amanhece um dia dizendo ao médico que quer andar imediatamente. Senão, vai arremessar fora as muletas e deixar de cumprir a prescrição médica para tomar os remédios.
A resposta virá óbvia: não há saída a não ser esperar que a fractura se consolide. E mais: tentar sair andando e deixar de tomar os medicamentos só vai piorar o quadro clínico e adiar ainda mais o quadro de melhorias.
Assim parecem ser os movimentos de protestos e manifestações que estão a ser convocados pelas redes sociais. Sem sucesso, diga-se. Cobram mais empregos, quando o Governo se desdobra na criação de condições para o surgimento de novas empresas, melhoria nas infra-estruturas para levar o desenvolvimento às províncias e toma medidas para melhorar a imagem externa de Angola que favoreça a atracção de investimentos.
Reclamamdacorrupçãoquando o Governo, a partir da liderança de João Lourenço, empreende uma inédita e ampla acção para levar a julgamento os prevaricadores que desviaram dinheiro público para os seus bolsos e contas em outros países. Queixam-se de problemas que existem há décadas, mas que já começaram a ser resolvidos nos últimos dois anos.
Vamos nos colocar no lugar do paciente internado no leito hospitalar. É difícil e complicado estar no hospital. É grande a vontade de sair livre e caminhar pelas próprias pernas. Mas a realidade das fracturas está lá, dependendo da consolidação dos ossos, que acontece no tempo da biologia e da química. E com a estabilidade das talas, que serão retiradas assim que a resposta do corpo permitir.
A queixa é compreensível e até natural. Angola passa por um momento difícil, não há quem não reconheça. Mas vamos examinar o caso presente. O que propõem os manifestantes, além de paralisações, que pioram ainda mais a situação do país num momento que exige engajamento e compromisso de todos?
Que benefício vai trazer para Angola a instabilidade de manifestações que afrontam um Governo democraticamente eleito e que se dispõe a ser escrutinado novamente no processo de descentralização do país com eleições já no próximo ano? Como encaixar no jogo democrático manifestações sem rosto ou lideranças aparentes, que sequer mobilizam os partidos da oposição igualmente eleitos? Quando falam em “revolução silenciosa” fazem uma metáfora ou pregam revoltas com cariz autoritário?
A crítica é livre e será respeitada na actual governação. A não ser que tenham objectivos escusos, como indicou o Presidente João Lourenço quando falava na abertura do congresso da JMPLA. E que sejam movimentos obscuros de grupos de interesse descontentes com as acções de moralização e combate à corrupção e a impunidade empreendidas no presente ciclo político.
Se for assim, estes movimentos aproveitam-se da forma mais oportunista e anti-democrática de um momento sério do país. Então o seu objectivo final é criminosamente tentar nublar a luz no fundo do túnel que se avizinha e levará Angola a retomar momentos de progresso e prosperidade.
Reclamam da corrupção quando o Governo, a partir da liderança de João Lourenço, empreende uma inédita e ampla acção para levar a julgamento os prevaricadores que desviaram dinheiro público para os seus bolsos e contas em outros países