Seropositivas em Benguela clamam por mais apoios
Associação das Mulheres Seropositivas pede às entidades de direito o fornecimento de retrovirais e outros medicamentos para as pessoas infectadas pelo VIH/Sida
A Associação das Mulheres e Crianças Seropositivas de Benguela, denominada Ekumbi Ombaka, clama por retrovirais e outros suplementos para dar seguimento ao tratamento de todas as pessoas afectadas pelo vírus.
O grito de socorro vem de Roberta Miranda, responsável da associação, para quem é preocupante a falta destes medicamentos nas unidades de tratamento da província e de acompanhamento das pessoas afectadas.
Segundo a responsável, não se nota, por parte das instituições de direito, a prestação de qualquer informação sobre a falta de medicamentos para este segmento da sociedade.
No quadro das necessidades, de acordo com Roberta Miranda, consta igualmente a falta de outros apoios sociais, como bens alimentares, habitação condigna, vestuário e utensílios domésticos.
A responsável pela associação aproveitou a oportunidade para lançar um apelo a toda a sociedade benguelense e ao país, no sentido de se solidarizarem com a situação precária que actualmente as mulheres e crianças seropositivas enfrentam.
“O número de mulheres e crianças infectadas pelo HIV/Sida é relevante na província. Os seropositivos continuam a procurar apoios junto da associação, desde alimentação, roupa, formação técnico-profissional para o auto sustento”, disse a responsável, explicando que, no âmbito do Programa de Empreendedorismo, algumas mulheres conseguiram impor-se na sociedade e acabaram por constituir os seus lares.
Roberta Miranda considera fundamental a criação de condições de acomodação das mulheres e crianças controladas pela organização, visto que muitas delas são alvo de discriminação no seio das próprias famílias.
O combate ao estigma às pessoas seropositivas, a discriminação no seio familiar e a falta de inclusão nas instituições, particularmente no que se refere a assistência médica e medicamentosa, são, entre outras, preocupações da associação.
Intervenção do sector
A supervisora local do Programa de Saúde Pública, Felisbela Bastos, anunciou que, no quadro da campanha nacional “Nascer Livre para Brilhar”, liderada pela primeira-dama da República de Angola, Ana Dias Lourenço, muitas pessoas que vivem com este problema têm encontrado resultados satisfatórios, em função das condições médicas e medicamentosas postas à disposição dos pacientes, no quadro do Plano Operacional de Prevenção da Transmissão Vertical, que permite às seropositivas dar à luz bebés saudáveis.
Felisbela Bastos acrescentou que a província não tem rotura de stock de medicamentos para atender as pessoas seropositivas e que uma das preocupações tem a ver com o facto de muitas mulheres gestantes não aderirem ao Programa de Tratamento, por temerem a discriminação e o estigma.
“Torna-se importante, por parte das entidades religiosas e outras associações de carácter cívico, desenvolver-se acções psicológicas e espirituais no seio das comunidades sobre o respeito e convivência harmoniosa das pessoas que vivem com VIH/Sida, assim como sobre os seus deveres e direitos, como consagra a Constituição da República”, realçou.
Organizações parceiras
Mais de mil e 500 pessoas, entre homossexuais e mulheres trabalhadoras do sexo, com idades entre os 17 e os 65 anos, beneficiam de acompanhamento diferenciado, no âmbito do projecto denominado “Ame a Vida”, implementado pela Organização de Interacção Comunitária (OIC).
De acordo com o responsável da organização, Rodrigues Tomás, o grupo alvo tem beneficiado dos serviços de aconselhamento, testagem voluntária do VIH/Sida, rastreio de doenças de transmissão sexual e da tuberculose.
O projecto , segundo Rodrigues Tomás, teve início em 2017, e no quadro das estratégias de intervenção junto das comunidades, vai garantir a prevenção das doenças infecciosas e sexualmente transmissíveis, nas zonas rurais.
Relativamente aos dados estatísticos,o responsável revelou que, a maior parte do número de pacientes inseridos no programa adere a 100 por cento aos serviços de aconselhamento, testagem e consultas de infecções transmissíveis sexualmente.
“O número de mulheres e crianças infectadas pelo HIV/Sida é relevante na província. Os seropositivos continuam a procurar apoios junto da associação”