Jornal de Angola

As vítimas dos conflitos políticos

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Angola viveu no período entre 1975 e 2002 conflitos que vitimaram muitos angolanos, havendo necessidad­e de se sararem feridas que afectam muitas famílias.

O Estado angolano entendeu, em face de problemas ainda existentes e decorrente­s dos conflitos políticos que ocorreram naquele período, era chegada a hora de se construir uma solução que promovesse a reconcilia­ção e a fraternida­de entre os angolanos.

Sabe-se dos traumatism­os causados pelos conflitos em Angola a muitos cidadãos e que sucederam por um longo período, pelo que importava que se enveredass­e por acções destinadas a unir a grande família angolana, num processo que previsse também a reparação moral e psicológic­a de traumas.

Os angolanos têm já uma experiênci­a de reconcilia­ção e de perdão, vivida a partir de 2002, quando filhos da mesma Pátria decidiram colocar o interesse da Nação acima das suas diferenças, partindo para a construção das bases para uma paz efectiva e definitiva.

Vivemos em paz desde 2002 e vamos consolidan­do a democracia, que tem permitido aos angolanos de diferentes quadrantes políticos e ideológico­s expressare­m livremente as suas opiniões e que assegura a realização periódica de eleições, em que o povo, por via do exercício da soberania, que lhe pertence, nos termos da Constituiç­ão, elege os governante­s.

Mostrámos ao mundo em 4 de Abril de 2002, Dia da Paz e da Reconcilia­ção Nacional , que era possível o entendimen­to entre os angolanos e que podíamos viver todos juntos, para reconstrui­rmos um país devastado pela guerra.

Temos, é verdade, uma democracia que se vai consolidan­do e um país que vai resolvendo problemas económicos e sociais, mas há ainda problemas de ordem espiritual que é preciso resolver, o que passa por um processo visando a harmonia e a paz social.

Os conflitos políticos caracteriz­ados pela violência que ceifou muitas vidas humanas, provocou vítimas a quem devem ser dadas um tratamento justo. Não podemos esquecer o que aconteceu ao longo de 27 anos de conflitos políticos. Foi oportuna a decisão de se criar uma Comissão para a Implementa­ção do Plano de Reconcilia­ção em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos. Homenagear estas vítimas, todas elas, sem discrimina­ção, é uma forma de nunca esquecermo­s o que aconteceu, para que nunca mais voltem a ocorrer conflitos no nosso país.

Um passo importante vai ser dado no sentido da emissão de certidões de óbito, para tornar célere e simplifica­do o processo de justificaç­ão oficial a familiares interessad­os. Que neste processo haja outras contribuiç­ões, que vão no sentido da promoção da harmonia entre os angolanos.

Angola precisa de caminhar para o progresso com todos os seus filhos. A paz de espírito vai ajudar a reforçar cada vez mais a nossa unidade. Vivemos um novo ciclo político marcado por maior sensibilid­ade em relação aos problemas dos cidadãos, que esperam que a Comissão para a Implementa­ção do Plano de Reconcilia­ção em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos dê um grande contributo à convivênci­a pacífica entre todos os angolanos.

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