Votação em Moçambique decorreu sem problemas
Os moçambicanos foram ontem às urnas para escolher os próximos dirigentes, num clima de grande tranquilidade, embora uma ONG tenha “denunciado” tentativas de fraude na província de Nampula
As primeiras assembleias de voto abriram às sete horas de ontem, em Moçambique, para as sextas eleições gerais realizadas no país, sem registo de problemas substantivos.
As primeiras assembleias de voto abriram às sete horas de ontem, em Moçambique, (menos uma hora em Angola) para as sextas eleições gerais no país, sem registo de problemas substantivos e com o Presidente da República a “abrir” a votação em Maputo.
Segundo a Lusa, Filipe Nyusi, Presidente da República, que concorre a um segundo mandato, foi o primeiro a votar, acompanhado da mulher, na Escola Secundária Josina Machel, em Maputo, e em directo na televisão pública, Nyusi fez votos para que o país “possa mostrar, mais uma vez, ao mundo e região” que apoia “a democracia. Vamos acreditar e vamos confiar”, sublinhou, com apelos à paz e a um dia sereno.
O Chefe de Estado e candidato pela Frelimo referiu que estas são “as eleições mais observadas a nível do país” e, se calhar, “na região” austral africana. O número de observadores cresceu de cerca de 10 há cinco anos para mais de 40 mil. “A gestão não é fácil” para acomodar este crescimento, admitiu, mas significa que “as portas estão abertas para todos", concluiu.
A votação decorreu em todo o país até às 18h00 e cada mesa de voto só encerrou quando foi atendida a última pessoa que àquela hora estivesse na fila, num total de 20.162 mesas de voto em território moçambicano, mais 407 no estrangeiro.
Um total de 13,1 milhões de eleitores moçambicanos votou para escolher o Presidente da República, 250 deputados do Parlamento, dez governadores provinciais e respectivas assembleias. As sextas eleições gerais de Moçambique contaram com quatro candidatos presidenciais e 26 partidos concorrentes às legislativas e provinciais, mas só os três partidos com assento parlamentar no país (Frelimo, Renamo e MDM) concorreram em todos os círculos eleitorais.
Para a Presidência da República, concorreram quatro candidatos: Filipe Nyusi (Frelimo), Ossufo Momade (Renamo), Daviz Simango (MDM) e Mário Albino (Amusi), que fez uma campanha eleitoral limitada a alguns pontos de Nampula.
Tentativas de fraude
As supostas tentativas de fraude eleitoral na província de Nampula (norte), “todas a favor da Frelimo”, foram detectadas, segundo uma ONG moçambicana.
Segundo a Lusa, a Organização Não-Governamental moçambicana Centro de Integridade Pública (CIP) informou que os seus correspondentes reportaram “casos de tentativas de enchimento de urnas em Nampula”, em vários locais de voto. Numa delas, “uma escrutinadora de nome Selma Francisco foi encontrada com boletins de votos pré-marcados para a Frelimo, prestes a serem introduzidos nas urnas”, avançou um comunicado da organização.
“No distrito de Milange (província da Zambézia, centro do país), localidade de Dachua, um cidadão foi detido com mais de seis boletins de votos extras. Ainda em Milange, na localidade de Chitambo, mais um cidadão foi surpreendido com boletins de voto pré-marcados a favor da Frelimo”, acrescenta o CIP.
De acordo com a ONG, as assembleias de voto “abriram normalmente em todo o país, com poucos problemas, que não paralisaram a votação por longos períodos. Havia filas com centenas de eleitores, principalmente em Niassa (extremo noroeste), Nampula, Zambézia e Sofala (centro). Em Mecuburi e Nacala, na província de Nampula, as filas chegaram a atingir mais de 400 eleitores, enquanto em Massinga (província de Inhambane, no sul do país), Xai-Xai e Builene (província de Gaza, também no sul), Bagamoio (Maputo-cidade), havia assembleias de votos sem eleitores por volta de 9 horas”, no que o CIP entendia como “um prenúncio de baixa participação.”
As eleições gerais contaram com quatro candidatos presidenciais e 26 partidos concorrentes às legislativas e provinciais, mas só a Frelimo, Renamo e MDM concorreram em todos os círculos