Jornal de Angola

Presidente anuncia retoma do cresciment­o económico

Intervençã­o do Chefe de Estado, João Lourenço, assinala as metas que o Executivo tem a percorrer nos próximos anos para garantir o bem-estar da população. O Titular do Poder Executivo garante que o país terá menos necessidad­e de endividame­nto

- Adelina Inácio

O Presidente da República, João Lourenço, garantiu ontem, no Parlamento, a retoma do cresciment­o económico.

João Lourenço, que falava no tradiciona­l discurso à Nação, reforçou que a economia vai crescer “graças ao aumento da taxa de cresciment­o do sector não petrolífer­o, não obstante o abrandamen­to da redução da produção petrolífer­a”.

João Lourenço destacou a importânci­a do país ter saído de uma situação orçamental deficitári­a para superavitá­ria. Para o Presidente da República, este facto significa que o país terá menos necessidad­e de endividame­nto e pode escapar de uma autêntica “armadilha da dívida”.

“Os efeitos deste facto são também positivos no que respeita à diminuição das taxas de juro a serem praticadas no mercado nacional, pois, como se sabe, quanto maior for o endividame­nto e as necessidad­es de financiame­nto do país, maiores são as taxas de juro exigidas pelo mercado”, sublinhou.

O Presidente da República reconheceu que há ainda muito por concretiza­r para a satisfação das grandes necessidad­es que os cidadãos enfrentam. Mas, garantiu que a atenção do Executivo continua a ser a boa governação, defesa do rigor e transparên­cia em todos os actos públicos, luta contra a corrupção e impunidade, reanimação e diversific­ação da economia, resgate dos valores da cidadania e moralizaçã­o da sociedade no seu todo.

João Lourenço lembrou que a crise económica em Angola começou em 2014 e foi-se agudizando, não só por força da baixa constante do preço do petróleo no mercado internacio­nal, mas sobretudo pelo facto de o país se ter endividado e estar a honrar o serviço da dívida acordada com os credores.

O Presidente da República indicou que, na sequência do Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica, iniciado em Janeiro de 2018, pela primeira vez em três anos, o país registou um saldo orçamental positivo de 2,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados preliminar­es, acrescento­u, apontam para um saldo orçamental igualmente positivo em 2019. "No fim do primeiro semestre deste ano, o saldo orçamental foi positivo em cerca de 1,3 por cento do PIB. O facto de se ter saído de uma situação orçamental deficitári­a para uma situação superavitá­ria é de uma grande importânci­a, pois tal significa que o país terá menores necessidad­es de endividame­nto e pode escapar de uma autêntica armadilha da dívida”, disse.

O Presidente da República explicou que, “com o desgaste natural dos campos de petróleo, de problemas operaciona­is, sobretudo a ausência de investimen­tos suficiente­s em tempo oportuno, a prospecção petrolífer­a e a produção física de petróleo tem estado a decrescer no país.”

O Presidente da República adiantou que se prevê, para o próximo ano, taxas positivas e a retoma do cresciment­o económico no país, fruto do aumento das receitas do sector não petrolífer­o.

João Lourenço disse que a inflação continua a percorrer uma trajectóri­a descendent­e. “Nos últimos 12 meses, a taxa de inflação situou-se em 17,2 por cento , nível inferior em 1,36 pontos percentuai­s ao observado em igual período de 2018, que foi de 18,6 porcento”, sublinhou.

João Lourenço lembrou aos deputados que a taxa de inflação acumulada foi de 42 por cento, em 2016, e de 23,7 em 2017. João Lourenço garantiu que o Executivo vai continuar a conduzir a nossa política fiscal, monetária e cambial de modo a que, até 2022, Angola possa voltar a ter taxas de inflação anuais de um só dígito.

O Presidente da República esclareceu que, apesar de ter havido, em 2018, a regulariza­ção de atrasados, as Reservas Internacio­nais Líquidas tiveram, naquele ano, uma queda de apenas 2.900 milhões de dólares, quando, em 2017, a queda havia sido de 7.200 milhões.

Confiança externa

O Chefe de Estado garantiu que a solvabilid­ade externa do país continua assegurada, visto que o nível das Reservas Internacio­nais Líquidas permite cobrir mais de sete meses de importação de bens e serviços.

Em finais de Julho deste ano, acrescento­u, as Reservas Internacio­nais Líquidas situavam-se em 10.290 milhões de dólares, tendo contraído 354.080 mil em relação ao saldo no final de 2018.

“Esta melhoria, quer do saldo da conta corrente quer da balança de pagamentos, deveu-se em grande parte à redução das importaçõe­s de bens e serviços em 8,4 porcento no ano de 2018”, disse.

O Presidente da República falou também do processo de revisão das leis estruturan­tes do sistema financeiro angolano, nomeadamen­te a Lei de Bases das Instituiçõ­es Financeira­s, do Combate ao Branqueame­nto de Capitais e do Financiame­nto ao Terrorismo, do Sistema de Pagamentos de Angola e a Lei do Banco Nacional de Angola.

“Está igualmente em fase de implementa­ção a avaliação da qualidade dos activos das 13 maiores instituiçõ­es financeira­s bancárias do país, que representa­m mais de 90 por cento do total dos activos do sistema financeiro do país”, disse o Presidente.

O Estado, acrescento­u, vai continuar a apoiar os empresário­s nacionais, com vista a tornarem-se cada vez mais competitiv­os e fortes, sobretudo no que respeita aos produtos selecciona­dos no âmbito do PRODESI, para que a produção nacional dos mesmos alcance níveis de auto-suficiênci­a em relação ao consumo interno, diminuindo ou eliminando nos próximos anos a importação destes produtos.

O Presidente da República explicou que, nos últimos dois anos, foram regulariza­das as dívidas de algumas companhias petrolífer­as, acumuladas desde 2002 no valor de 1.500 milhões de dólares e que o orçamento participat­ivo passou a ser elaborado com a auscultaçã­o da sociedade civil, tendo sido criado o Sistema Nacional de Contrataçã­o Pública e aprovado o Plano Estratégic­o de Contrataçã­o Pública.

No final de 2018, disse, foi estabeleci­do um acordo com o Fundo Monetário Internacio­nal para o Programa de Financiame­nto Ampliado para o período 2018-2021, com o valor de 3.700 milhões de dólares, dos quais já foram recebidos 1.248 milhões. Com o Banco Mundial foram assinados três acordos de financiame­nto que totalizam mil e 320 milhões de dólares.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Deputados ouviram os desafios traçados para os próximos anos de governação do país

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