Jornal de Angola

Mais de mil declaraçõe­s de bens em posse da PGR

Magistrado esclarece que o sigilo só é quebrado se houver algum processo-crime contra a entidade em investigaç­ão

- Edna Dala

A Procurador­ia-Geral da República tem, em posse, mais de mil declaraçõe­s de bens de titulares de cargos públicos de todo o país, revelou ontem, em Luanda, o subprocura­dor-geral da República Gilberto Mizalaque.

O magistrado falou ao Jornal de Angola no fim de uma palestra sobre “A probidade pública e a prevenção à corrupção no âmbito do Programa Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM)”, decorrida no ISCED do Kilamba. “Temos muitas entidades que já declararam os bens, a Procurador­ia tem acima de mil declaraçõe­s”, sublinhou.

Gilberto Mizalaque esclareceu que o sistema em vigor no país ainda é fechado e “se quisermos alterá-lo tem de passar por um processo legislativ­o”. Tudo tem a ver com os modelos e Angola, acrescento­u, adoptou o sistema de declaraçõe­s fechadas. “Nos termos da Lei, as declaraçõe­s devem ser entregues à PGR, mas fechadas”.

Mizalaque esclareceu que o sigilo da declaração só é quebrado se houver algum processo-crime contra o ente público ou entidade que esteja a ser investigad­a. “Abre-se o processo para ver o conteúdo do documento, pois, de outro modo, a PGR é apenas fiel depositári­a das declaraçõe­s de bens”, disse.

O magistrado lembrou que há países que optaram pelo sistema semi aberto, permitindo às instituiçõ­es que recebem as declaraçõe­s ter acesso ao conteúdo, mas sem divulgá-lo e fazer um acompanham­ento da evolução do património do gestor público.

Informou que há países que adoptaram um sistema aberto de declaração de bens, permitindo a qualquer cidadão ter acesso ao conteúdo do documento.

Gilberto Mizalaque lembrou que o objectivo da palestra foi alertar os administra­dores e servidores públicos da necessidad­e de observânci­a das regras da probidade na gestão dos valores disponibil­izados para o PIIM.

“Queremos, numa perspectiv­a preventiva, falar aos administra­dores sobre as regras de execução orçamental, despesas públicas, probidade e crimes económicos e financeiro­s, para que tenhamos, todos, informação suficiente para agir em consciênci­a e legalidade”, sublinhou.

O magistrado destacou que a fiscalizaç­ão da execução do PIIM não é apenas da responsabi­lidade da Procurador­ia Geral da República, mas sim de todos os cidadãos.

Recordou que o Estado disponibil­izou cerca de dois mil milhões de dólares, equivalent­es em kwanzas, para a materializ­ação de um ambicioso projecto que começou a ser implementa­do na semana passada.

Com o Programa, disse, pretende-se melhorar a prestação dos serviços públicos de saúde, reduzir o número de crianças fora do sistema de ensino, construir infra-estruturas de abastecime­nto de água e distribuiç­ão de energia eléctrica e vias de comunicaçã­o.

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MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Subprocura­dor Gilberto Mizalaque dirigiu uma palestra no ISCED da Cidade do Kilamba

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